segunda-feira, 31 de maio de 2010

Flora do lameiro do Poulão VIII: Holcus lanatus, Poa trivialis e Briza media

Bom, aí estão as gramíneas.
Como se de uma avalanche se tratasse, num mês e meio, a gramíneas encanaram (produção de entrenós caulinares alargados), emborracharam (formação de uma intumescência na bainha da última folha causada pela subida da inflorescência), espigaram e cobriram o solo.
Entre as gramíneas mais frequentes no lameiro do Poulão contam-se:
A)B)
C)
A) Holcus lanatus «erva-lanar», B) Poa trivialis e C) Briza media.

A grande maioria das espécies de gramíneas perenes de lameiro espiga praticamente em simultâneo. A concertação dos estados fenológicos intra e - vou arriscar - interespecificamente tem certamente uma lógica evolutiva. Da mesma forma que a agregação dos peixes em densos cardumes é reprodutivamente vantajosa - e.g. reduz a probabilidade de predação dos indivíduos e dos seus ovos -, espigar ao mesmo tempo provavelmente diminui os riscos e os danos da herbivoria (e.g. consumo de folhas e sementes) e, por esta via, incrementa o sucesso reprodutivo das gramíneas pratenses.
Na paisagem pristina (antes do homem controlar em seu proveito a produtividade primária global) a concentração temporal da oferta de biomassa forraginosa atenuava o efeito dos herbívoros na capacidade competitiva e na produção de sementes das gramíneas pratenses. O corte para feno praticado pelo Homem nas pastagens higrófilas seminaturais perenes, i.e. nos lameiros, é mais extenso e uniforme do que o corte e consumo de erva realizado pelos grandes herbívoros. No entanto, a fenação tradicional faz-se muito tarde, quando muitas das cariópses (fruto das gramíneas) estão já maduras. A vibração das inflorescências produzida pelas gadanheiras, viradores de feno e enfardadeiras, pode desarticular as sementes mais maduras e frágeis, que tombam no solo acompanhadas, ou não, por algumas peças da flor [glumelas] e/ou da inflorescência [glumas], ocorrendo, deste modo, alguma ressementeira.
A herbivoria não é forçosamente a causa da concentração temporal da floração das gramíneas pratenses perenes. Por outras palavras: a hipotética redução da herbivoria resultante da concentração da floração poderia bem ser um subproduto evolutivo, uma consequência indirecta de uma pressão de selecção que nada tem que ver com grandes mamíferos. Fiz uma pequena busca na net e não encontrei nada de interessante sobre as causas da explosão de gramíneas que caracteriza as pastagens seminaturais dominadas por gramíneas perenes nos meses de Maio ou Junho. Pode ser que algum leitor deste blogue esteja ao corrente do que se tem escrito sobre o assunto.

sábado, 29 de maio de 2010

Cirsium vulgar(e) ou talvez não (Asteraceae)













Continuando com a nobilíssima família das Compostas ou Asteráceas, a seguir a uma calêndula (maravilhas), nada melhor que um belo cardinho. No entanto não sei ao certo de que espécie se trata, nem sequer tendo completa certeza acerca do género: Carduus ou Cirsium?
Aqui fica -para os amantes dos cardos eventualmente identificarem- esta linda planta espinhosa calcícola, sem dúvida pertencente à tribu Cardueae, recentemente fotografada num local rochoso calcário da Serra de Aire (CW. calc.).

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Celendula officinalis (Asteraceae)

A Calendula officinalis é um planta mediterrânica oriental, de uso ornamental, culinário e medicinal, frequentemente escapada de cultura em ambientes urbanos, muito cultivada nos jardins portugueses. Não passa despercebida ao naturalista que gosta de plantas porque floresce cedo e produz capítulos vistosos, de razoável dimensão.


As sementes de C. officinalis são ricas em óleo, ao que parece o mais rápido de todos os óleo secantes naturais conhecidos. Os óleos secantes, ao invés dos óleos não secantes, solidificam rapidamente em contacto com o ar e, por essa razão, são muito procurados pelas indústrias de tintas e vernizes.
A C. officinalis foi recentemente melhorada (domesticada) e introduzida nos sistemas de culturas arvenses na Europa temperada. Dizem os especialistas na matéria, que o óleo de semente de C.officinalis pode substituir vantajosamente o muito valorizado óleo de tung (Vernicia [Aleurites] fordii).
Afinal, muito de vez em quando, é certo, os sistemas de agricultura mais intensivos diversificam-se, integrando novas plantas cultivadas.

sábado, 22 de maio de 2010

Knautia nevadensis (Dipsacaceae) e Rhinanthus minor (Orobanchaceae)















Desta vez trago aqui duas belíssimas plantas lusitanas: Knautia nevadensis (M. Winkl. ex Szabó) Szabó (Dipsacaceae), um endemismo ibérico, e Rhinanthus minor L. (Orobanchaceae). A razão de serem duas espécies neste post (tão distintas) é o facto de na foto da Knautia nevadensis aparecerem também flores do hemiparasítico Rhinanthus minor.
Ambas já constam da excelente Flora iberica:
Knautia: http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/15_158_03_Knautia.pdf
Rhinanthus: http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/13_144_32_Rhinanthus.pdf

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Flora do (meta)lameiro do Poulão VII: (meta)Poa bulbosa

Os lameiros são mosaicos de comunidades vegetais organizadas ao longo de um gradiente mesotopográfico, regido pela disponibilidade de água na primavera e pelo encharcamento do solo. Os lameiros são, portanto, lameiros de lameiros, i.e. metalameiros.
Como referi num post anterior, as plantas dos habitats mais secos de lameiro geralmente são mais precoces a florir do que as plantas dos habitats de lameiro mais húmidos. Este fenómeno é particularmente evidente entre as gramíneas.

Nas cotas mais elevadas do metalameiro do Poulão floresce abundantemente por esta altura a Poa bulbosa:
Conto discorrer um pouco mais sobre a ecologia desta espécie, quando um dia escrever um grupo de postas sobre os prados naturais, ou semeados, de Trifolium subterraneum - de todas as plantas deste mundo a que mais me fascina. Para já queria chamar a vossa atenção para dois pormenores curiosos da morfologia da Poa bulbosa.
Conforme podem observar na foto, os colmos (= caule das gramíneas) da P. bulbosa apresentam um curioso engrossamento na base (daí o restritivo bulbosa). Este engrossamento deve-se à acumulação de água e amido num entrenó basal do colmo. As estruturas caulinares formadas por um ou mais entrenós alargados com função de reserva chamam-se cormos (= bolbos sólidos). Os cormos podem ser subterrâneos, ou aéreos; não preciso de explicar a diferença. Tanto os cormos como os bolbos de pequena dimensão, diferenciados nas inflorescências (e.g. Allium vineale), ou na axila de folhas (e.g. dentes de alho), são apelidados por bolbilhos.
Os bolbilhos têm um papel fundamental na propagação e dispersão da P. bulbosa. Com facilidade fragmentam-se, e são transportados, por exemplo, entre os cascos das ovelhas, e plantados no solo, dando origem a novas plantas.
Os bolbilhos são muito apreciados por porcos (bravos ou mansos) e ovelhas que os procuram activamente (com muito mais sucesso o porco do que a ovelha).
A P. bulbosa é, à semelhança de outras plantas do género Poa, uma planta vivípara. A maioria das flores, quando não todas as flores, são substituídas por bolbilhos aéreos, suspensos nos ramos da inflorescência. Em contacto com o solo, enraízam rapidamente, sustentados pelas reservas injectadas pela planta-mãe no bolbilho e pela actividade de folhas fotossintéticas (visíveis na foto).
O aspecto desgrenhado destes bolbilhos aéreos tem a sua lógica evolutiva. As pequenas folhas são rijas, e ligeiramente curvas, duas características morfológicas destinadas a facilitar a dispersão dos bolbilhos, pendentes da pelagem dos mamíferos (dispersão ectozoocórica).

A analogia subjacente ao termo vivíparo aplicado pelos botânicos à P. bulbosa é abusiva, e muito ao estilo do essencialismo biológico do séc. XVIII, e da primeira metade do séc. XIX. Os animais ditos vivíparos parem indivíduos com característica próximas dos adultos, i.e. num estadio de desenvolvimento mais avançado do que o ovo dos insectos, dos répteis, das aves, ou dos mamíferos monotrématos (nota: existem insectos e répteis vivíparos). Os bolbilhos aéreos não são sementes germinadas, mas sim estruturas vegetativas, morfologica e geneticamente idênticas à planta mãe (vd. primeira foto). Os bolbilhos aéreos são pequenas P. bulbosas suspensas no ar e no tempo, enquanto aguardam por um dispersor. Assim sendo, a P. bulbosa é uma planta de plantas: uma metaplanta, uma meta-Poa.
A analogia da P. bulbosa com os animais vivíparos só seria aceitável se existissem, por exemplo, gatos ou cães assexuados, com proliferações celulares somáticas em vez de órgãos sexuais, que no decurso da sua ontogénese felina ou canina, se diferenciassem em novos gatos, ou novos cães. Nunca vi metagatos, nem metacães clonais, de oito ou mais patas. Aliás, estou razoavelmente seguro que são uma impossibilidade biológica, porque tanto os gatos como os cães - ao contrário das plantas - são seres unitários, i.e. não têm uma estrutura modular.

Quanto mais seco o habitat da Poa bulbosa maior a quantidade de bolbilhos subterrâneos na base dos colmos, e aéreos na inflorescência. Quando a disponibilidade de água é maior, os pequenos cormos basais não se chegam a diferenciar, e maior a proporção de flores na inflorescência, i.e. maior a importância da reprodução sexuada.
A Poa bulbosa "lê" o habitat, e em conformidade modula a sua forma. Por isso, tanto coloniza prados perenes mesotróficos (lameiros), como pastagens de trevo-subterrâneo, ou afloramentos rochosos cobertos com uma delgada camada de solo. A plasticidade ecológica da P. bulbosa provavelmente é uma propriedade emergente da sua plasticidade morfológica.
Planta extraordinária, não é?

sábado, 15 de maio de 2010

Flora do lameiro do Poulão VI: Saxifraga granulata (Saxifragaceae) e Trifolium stictum (Fabaceae)

No passado fim-de-semana era assim:

Lameiro do Poulão. A Primavera foi fria e chuvosa, por essa razão os freixos (Fraxinus angustifolia, Oleaceae) que marginam o lameiro abrolharam muito tarde, na primeira semana de Maio.

Na parte mais seca do lameiro, próximo da entrada, floriam com com abundância numerosas espécies de plantas, entre as quais se destacavam a Saxifraga granulata ...

Saxifraga granulata (Saxifragaceae), uma espécie acidófila frequente em prados, taludes e margens de caminhos. Na segunda foto observam-se bolbilhos na base da planta; cada bolbilho pode dar origem a uma nova planta.

e um curioso trevo:
Trifolium strictum (Fabaceae).
N.b. na segunda foto pequena glândulas na margem da folha, abastecidas por uma pequena nervura (constituída por feixes vasculares).

O lameiro do Poulão é rico em trevos porque é pastoreado no início da Primavera e os seus solos são moderamente ricos em fósforo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Avena sativa (Poaceae): morfologia da folha

Os estudantes portugueses de ciências agrárias aprendem a distinguir os cereais antes do espigamento com base nesta figura:

A) Triticum aestivum «trigo-mole», aurículas pilosas que abraçam o caule; B) Avena sativa «aveia-comum», sem aurículas; C) Hordeum vulgare «cevada», aurículas glabras (sem pêlos) que abraçam o caule; D) Secale cereale «centeio», aurículas curtas que não chegam a abraçar o caule . N.b. as aurículas são pequenas expansões lineares, situadas no encontro entre o limbo e a bainha; supõe-se que tenham por função dificultar a abertura da bainha, por exemplo pela acção do vento, e desse modo impedir a entrada de água e parasitas para o espaço entre a bainha e o caule. Imagem extraída das "Noções sobre a Morfologia Externa das Plantas Superiores", do Prof. João de Carvalho e Vasconcellos (1969)

... e sabem que as aveias não têm aurículas:

Avena sativa «aveia-comum» (Poaceae)

No entanto, poucos saberão que as folhas das aveias, quando observadas de topo, enrolam no sentido oposto aos ponteiros do relógio ...

Avena sativa «aveia-comum»
(Poaceae)

... enquanto as folhas dos restantes cereais enrolam no sentido inverso:

Secale cereale «centeio» (Poaceae)

Uma curiosidade ... curiosa.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Odontitella virgata (Orobanchaceae)















Continuando com a tribo Rhinantheae da família Orobanchaceae, aqui ficam duas imagens da belíssima planta hemiparasita Odontitella virgata (Link) Rothm. = Euphrasia tenuifolia Link (basiónimo), também conhecida como Odontites tenuifolius (Pers.) G. Don = Euphrasia tenuifolia Pers., como se pode ver aqui:
http://www.floraiberica.es/floraiberica/texto/pdfs/13_144_26_Odontitella.pdf.
Trata-se de uma prima relativamente próxima da Euphrasia hirtella Jord. ex Reut., que aqui apareceu anteriormente, e também é possível encontrá-la no concelho de Bragança, assim como em muitos outros locais (por ex. nas Beiras, na Região Duriense e ainda em pinhais junto ao litoral, como é o caso de uma das fotos aqui apresentadas).
É um endemismo ibérico que ocorre em todas ou em quase todas as províncias portuguesas.

sábado, 8 de maio de 2010

Euphrasia hirtella (Orobanchaceae)














Continuando com as plantas da tribo Rhinantheae, actualmente pertencentes à família Orobanchaceae, apresentamos hoje uma imagem da belíssima e discreta Euphrasia hirtella Jord. ex Reut.
Esta erva anual hemiparasítica é muito rara em Portugal e a possibilidade de a termos encontrado deveu-se às preciosas indicações do amigo CA. Fotografámo-la há alguns anos no concelho de Bragança, num lameiro de montanha.
As suas preferências habitacionais vão para a vegetação das classes de lameiros e cervunais MOLINIO-ARRHENATHERETEA e NARDETEA STRICTAE.
Consta que existe ainda outra espécie de Euphrasia L. em Lu: E. minima Jacq. ex DC. (Syn.: E. Mendonçae Samp.), como se pode verificar consultando a Flora iberica XIII (Vitek, 2009), já disponível na Net (ver aqui), mas a Euphrasia minima deve ser ainda mais difícil de encontrar em Portugal que a sua congénere E. hirtella.
A palavra grega "euphrasía" significa alegria, regozijo, que os botânicos habitualmente sentem ao encontrar tão formosas plantas (cf. Flora iberica XIII: 454).

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Melampyrum pratense subsp. pratense (Orobanchaceae)



















Voltando às antigas Escrofulariáceas, fica aqui o Melampyrum pratense L., Sp. Pl. 2: 605. 1753 [1 May 1753], como se pode ver aqui:
Biodiversity Heritage Library: Caroli Linnaei ... Species plantarum,
hoje incluído na família das Orobancáceas, por razões de ordem filogenética.
Esta bela planta, ao que consta hemiparasítica, é pouco comum em Lu, podendo encontrar-se sobretudo nas províncias mais a Norte: Mi e TM, sendo rara no DL e na BA. Vive em locais frescos e sombrios como carvalhais (de Quercus pyrenaica Willd. e Quercus robur L.) e suas orlas (ordem Quercetalia roboris Tüxen 1931, da classe de vegetação florestal QUERCO-FAGETEA, predominantemente, assim nos dizem os mestres fitossociólogos ibéricos).

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Uma quimera de Silene marizii (Caryophyllaceae)

Uma quimera de Silene marizii (Caryophyllaceae) que encontrei recentemente no vale do Rio Tua, na companhia de outro contribuinte deste blogue, o meu amigo Tiago Henriques:


Para evitar redundâncias, recomendo a leitura de um post do Paulo Araújo no blogue Dias com Árvores (ver aqui), onde se explica com a ajuda de um extraordinário exemplo o significado de quimera.

domingo, 2 de maio de 2010

Flora do lameiro do Poulão V: Alopecurus arundinaceus (Poaceae)

Interrompido o pastoreio, o lameiro do Poulão incha de erva. Quem manda nos lameiros em Maio e Junho são as gramíneas (= poáceas): os meristemas apicais destas plantas deixaram de produzir caule e folhas em Março, diferenciam agora flores; desde o início de Abril os entre-nós situados imediatamente abaixo da parte reprodutiva alongam-se aceleradamente pela acção de meristemas intercalares. As plantas prostradas produzem quanto antes sementes, preparando-se para serem submergidas por uma floresta de colmos (nome dado aos caules das gramíneas).

Entretanto floriu a primeira gramínea perene:


Alopecurus arundinaceus (Poaceae), a primeira gramínea a florir nos lameiros do NE de Trás-os-Montes. Tem uma clara preferência por solos encharcados bem expostos ao sol (vd. imagem 2). Ao mesmo género pertence o A. myosuroides, a mais temível infestante de cereais da Europa temperada; em Portugal as infestantes de cereais são outras.

Este ano foi particularmente chuvoso e muitos prados não puderam ser pastoreados em Março-inícios de Abril. Por outro lado há água em abundância, suficiente em muitos deles até ao fim de Junho, início de Julho. Consequentemente, em muitos lameiros a erva será muito alta, a produção de feno elevada, porém de qualidade baixa. Se a erva é muita, parte das folhas da base das gramíneas e de outras plantas não terão acesso à luz e apodrecerão. Fenos assim são pouco apreciados pelos animais.
Por hora não faltam ervas nos campos para alimentar ovelhas. Os lameiros de pasto alimentam as vacas. Mas aproxima-se o mês mais crítico na alimentação dos animais na montanha: Junho. O pouco feno que sobra do ano anterior já não presta, os animais torcem-lhe o nariz; os prados anuais de plantas indígenas estão cobertos de uma fina camada de plantas anuais secas, de baixa digestibilidade e proteína bruta; o lameiros de feno estão fechados a acumular biomassa; restolhos de cereais só mais tarde, depois da ceifa.
Ser agricultor na montanha não é tarefa fácil!

sábado, 1 de maio de 2010

Iris × germanica L. (Iridaceae)















Mais uma vez, recorro à bondade dos ilustres leitores e camaradas blogueiros para a identificação de uma belíssima espécie de Iris fotografada em 30.IV.2010 com um telemóvel (ou telefone celular) num arrelvado do CW calc.!