terça-feira, 11 de outubro de 2011

Processos de invasão biológica



Gamochaeta simplicicaulis (Willdenow ex Sprengel) Cabrera (foto: Marisa Graça)

As espécies do género Gamochaeta são originárias das Américas e encontram-se neste momento em expansão na Europa, com comportamento invasor. Como se pode comprovar por este artigo, da autoria de um dos contribuidores deste blog, a maior parte das espécies deste género foi introduzida em Portugal nos últimos 60 anos, tendo tido um êxito considerável. Este género tem muitas semelhanças com o género Gnaphalium, tanto a nível morfológico como ecológico, colonizando habitats similares. O facto de só existirem duas espécies de Gnaphalium em Portugal Continental (G. uliginosum e G. luteo-album), permitiu às espécies do género Gamochaeta menos competição na maior parte dos territórios colonizados. A esta baixa competição associa-se a facilitação pelas actividades humanas, dado que as espécies de ambos os géneros colonizam facilmente os interstícios das estradas calcetadas. Na maior parte dos casos muito dos processos de invasão podem ser explicados por estes dois processos, baixa competição e facilitação humana. E se fizermos a analogia para a mimosa (Acacia dealbata), temos que nos lembrar que não existem na nossa flora espécies com estratégias e adaptações ecológicas similares. E quanto à facilitação basta pensar que ainda nos anos 90 se plantavam mimosas nos taludes das auto-estradas, para estabilização dos solos.

11 comentários:

  1. A menos que se refira estritamente à 'Acacia dealbata', a afirmação "não existem na nossa flora espécies com estratégias e adaptações ecológicas similares" parece contradizer a precedente "Este género [Gamochaeta] tem muitas semelhanças com o género Gnaphalium, tanto a nível morfológico como ecológico, colonizando habitats similares."

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  2. Excelente post!
    Presumimos que se trate de mais uma belíssima espécie sul-americana que se encontrou naturalizada em Portugal!
    Dará uma publicação muito interessante que esperemos apareça em breve!
    Parabéns aos autores - para além de ser nova para Portugal (Lu), também será nova para a Europa e para a Região Mediterrânica, pois não consta nem da Flora Europaea (vol. IV, 1976) nem da Med-Checklist (vol. II, 2008) nem da Euro+Med Plant Base!!
    (http://ww2.bgbm.org/EuroPlusMed/results.asp;
    http://ww2.bgbm.org/EuroPlusMed/PTaxonDetail.asp?NameId=117401&PTRefFk=7000000)
    Abraço,
    ZG

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  3. De acordo com http://www.ars-grin.gov/cgi-bin/npgs/html/taxon.pl?413779
    já se encontrou
    Naturalized:

    ASIA-TROPICAL
    Malesia: Indonesia - Java
    AUSTRALASIA
    Australia: Australia
    New Zealand: New Zealand
    NORTHERN AMERICA
    United States

    mas nunca em Portugal ou na Região Mediterrânica ou na Eurásia!

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  4. Uma belíssima espécie e um belíssimo encontro?
    Interessantíssimas publicações... ?
    De facto será uma felicidade?

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  5. Pedro, no ultimo paragrafo estava-me a referir concretamente à Acacia dealbata, que tem ainda menos competição que as Gamochaeta. Abraço.

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  6. Esta espécie tem sido confundida com Gamochaeta coarctata = G. spicata. Distingue-se pela maior dimensão, caule não ramificado, ausência de folhas basais na floração e presença de alguns pelos na página superior das folhas que são crenulado-onduladas. Abraço.

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  7. Mas confirma-se que esta planta foi encontrada em em Portugal Continental?
    Abraço.

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  8. Sim, ocorre no Douro Litoral.
    Abraço.

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  9. Obrigado, Paulo! É mais uma informação muito interessante!
    Abraço.

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  10. Caro Paulo:

    Apenas uma nota: na década de 1990, e mesmo nas anteriores, já ninguém propunha a fixação de taludes com mimosas ou outras acácias. Simplesmente as suas sementes eram transportadas juntamente com materiais de construção (p.ex. areias recolhidas em dunas com acacial) ou então, mais raramente, os taludes eram colonizados por propágulos de espécimes na vizinhança.

    O processo continua ainda, com resultados desastrosos (vide A17).

    Mesmo na fase mais arborizadora da antiga JAE, as acácias tiveram um papel absolutamente marginal, dada a aplicação do Decreto n.º 28039.

    Saudações,

    João Pinho

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  11. Caro João Pinho, segundo me disse o Paulo Monteiro, da Quercus, ele ainda arrancou mimosas no IP4 plantadas pela JAE. Esta afirmação é dele e eu não posso confirmar, mas não tenho nenhum motivo para pensar que está errada.
    Saudações

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