terça-feira, 24 de fevereiro de 2015
azevinhos e carvalhos
Azevinhal na serra da Peneda (foto: P. Alves).
Os azevinhais são das formações mais interessantes em Portugal, devido à raridade e carácter pontual com que aparecem na paisagem. A sua permanência parece ter origem na resiliência do azevinho face a perturbação recorrente pelos incêndios, mas não explica completamente o fenómeno. Os azevinhais aparecem no topo das serras em locais onde todos os carvalhos foram cortados há muito tempo. Os carvalhos são árvores com um grande sucesso de germinação e a grande quantidade de endosperma das bolota dá-lhes uma vantagem competitiva mesmo quando jovens plântulas. Mas essa vantagem é uma inconveniência quando falamos na dispersão das sementes. Se não existir um carvalho que forneça propágulos na proximidade, dificilmente teremos carvalhais na paisagem. Pelo contrário, o azevinho é um campeão nesse particular, especialmente quando falamos de dispersão zoocórica. As aves são os seus maiores aliados e uma semente de azevinho chega quase a todo o lado. E por essa razão vemos bosques de azevinho exuberantes na serrana da Peneda e não conseguimos descobrir nem um pequeno carvalho…
Etiquetas:
Aquifoliaceae,
Biologia da dispersão,
Fagaceae,
Vegetação arbórea
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Bela foto em mais um post muito interessante!
ResponderEliminarÉ pena ainda estarem mal estudados fitossociologicamente. Ainda não conheço esta realidade da Peneda infelizmente... mas na Serra do Gerês vi alguns bosquetes claramente ribeirinhos de azevinhal em pequenas corgas... noutros casos associa-se aos teixedos (também estes ribeirinhos ou em posição tempori-higrófila). Quanto à questão dos carvalhais parece ser semelhante ao que se passa com os amiais em montanha - se desaparecerem das cabeceiras dos rios dificilmente regressam (só em eventos catastróficos de vento p.e.), pois o amieiro tem uma dispersão quase exclusivamente hidrocórica. Os carvalhos ainda assim poderão ser dispersos por aves tipo gaios ou pequenos roedores...
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEstevão, a questão do gaio é uma falácia. Os gaios não enterram as bolotas muito longe e por isso a dispersão é limitada. Quanto ao amieiro, os bandos de lugres (Carduelis spinus) alimentam-se das sementes de amieiro nas suas migrações outonais e são actuam como dispersores das sementes...
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