domingo, 6 de junho de 2010

Árvores-garrafa: Pachypodium lealii (Apocynaceae) e Moringa ovalifolia (Moringaceae)

Nas regiões semidesérticas paleotropicais (da África e da Ásia) são frequentes árvores caducifólias de estação seca, de caules anormalmente alargados na base. Este tipo de suculência - conhecida por paquicaulia - é uma adaptação à escassez e irregularidade da precipitação. Mais do água, a região engrossada do tronco destas plantas invulgares acumula grandes quantidades de hidratos de carbono e aminoácidos.
A abundância de árvores hiperpaquicaules, ou árvores-garrafa, é um dos aspectos mais curiosos da fisionomia da vegetação semidesértica do SW de Angola. Esta adaptação surgiu de forma independente, por convergência, em grupos evolutivamente muito dispares, tanto de mono como de eudicotiledóneas.
A Moringa ovalifolia e a Pachypodium lealii são duas das espécies hiperpaquicaules mais comuns da faixa semidesértica que envolve o Deserto do Namibe:

Moringa ovalifolia (Moringacea)
[foto amavelmente cedida por J.C. Costa ]

A M. ovalifolia é um endemismo angolano-namibiano. As suas folhas e frutos são consumidos por girafas e elefantes, entre outros grandes herbívoros. A família das Moringaceas inclui um único género com 12 espécies de distribuição paleotropical, adaptadas a climas áridos.


Pachypodium lealii Welw. (Apocinaceae)
[fotos amavelmente cedidas por J.C. Costa ]

O P. lealii é endémico do Sul de Angola e Norte da Namíbia. Foi dedicado ao geólogo português Fernando da Costa Leal pelo grande botânico austríaco Friedrich Welwitsch [1806-1872], conhecido explorador da flora angolana ao serviço da coroa portuguesa. À semelhança de muitas outras apocináceas, o P. lealii produz um latex tóxico.

Certamente muitos dos leitores deste blogue conhecem o Brachychiton populneus (Malvaceae, Sterculioideae), uma árvore-garrafa relativamente comum nas avenidas e jardins portugueses.

3 comentários:

  1. As plantas paquicaules estão entre as "coisas" mais estranhas e belas do planeta.
    Fascina-me especialmente a ilha de Soqotra, onde esta adaptação atingiu extremos inimagináveis. Vale a pena dar "uma olhada" nas fotos desta página...
    Mas não esqueçamos o nosso incrível endemismo do Cabo Espichel, Euphorbia pedroi, que se comporta exactamente como estas espécies!

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