domingo, 27 de março de 2011

Alnus glutinosa (Betulaceae) e alguns anatídeos




















Depois de escutarmos uma fascinante palestra acerca dos amiais e dos freixiais portugueses, parece apropriado deixar aqui esta extraordinária árvore, cujas touças consta serem quase imortais!:
Alnus glutinosa (Linnaeus) Gaertner, Fruct. Sem. Pl. 2: 54. 1790
= Betula alnus Linnaeus var. (a) glutinosa Linnaeus, Sp. Pl. 2: 983. 1753 (basiónimo)
Alnus glutinosa in Flora of North America @ efloras.org

Trata-se de uma árvore que se insere habitualmente em vegetação arbórea ou arbustiva ripícola da classe Salici-Populetea, bastante comum em Portugal. Sendo planta que aprecia muito a água, deixamos aqui cinco patinhos como acompanhamento faunístico.

Como sugestão musical, ficam hoje a belíssima Nina Persson e os Cardigans, com a excelente "You're the Storm":
YouTube - You're the Storm- The Cardigans

6 comentários:

  1. Nota: Os cinco patinhos na margem da estrada foram fotografados no concelho de Bragança, mais concretamente na belíssima Serra de Nogueira ou Rebordãos.

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  2. Gostei imenso da palestra do Carlos Aguiar relativamente à gestão tradicional dos amiais no Norte. O corte dos amiais é prática comum em zonas de elevada pluviosidade, onde estas comunidades são bastante resilientes. Contudo nas zonas mais secas do Pais, o maneio destas comunidades é diferente. Na realidade, nessas zonas mais secas, o aparecimento de bosques maduros de amieiro depende de vários factores, mas sobretudo regime hidrológico.
    Os amiais instalam-se em solos aluviais das margens de linhas de água de caudal permanente e relativamente estável. O amieiro necessita de um regime hidrológico permanente e não aguenta situações de estio, ao contrário do freixo e de alguns salgueiros. Muitas vezes os amiais encontram-se ausentes em zonas de clima mediterrânico onde o leito é bastante largo sendo a diferença entre o leito de cheia e o leito de estio é muito acentuada. Em determinadas situações o amieiro ocorre apenas nas zonas onde o rio escava mais profundamente o leito, facilitando a permanecia de água durante todo o ano, sendo substituído nas partes mais secas por freixo e nas zonas instáveis por borrazeira-branca. Mas em algumas ribeiras de zonas secas, o homem alterou a margem do rio, diminuiu a largura do leito e fixou as suas margens através de enrocamento, permitindo a instalação de amais, em áreas onde normalmente não tem condições edáficas para existir. Mas nesses casos, o bosque maduro de amieiros é pouco resiliente e é o próprio ensombramento causado pela galeria que diminui a evaporação da água residual que ocorre no leito em períodos mais secos. Nessas situações torna-se muito difícil a sua recuperação e por essa razão, nas zonas mais secas, os bosques edafo-higrófilos maduros de amieiros são relativamente raros, ocorrendo em zonas onde as margens foram reforçadas e estabilizadas, reduzindo assim as variações do leito. Estas práticas foram trazidas para a Península Ibérica pelos árabes, que dominavam a “arte” de reduzir as perdas de água. É pena que tenhamos esquecido todo este saber e tecnologia antiga e nos dediquemos a construir grandes barragens em áreas de elevada insolação.

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  3. Já agora, mais duas notas. O freixo requer solos ricos, mas o Fraxinus angustifolia é umas das espécies menos exigentes do género nesse aspecto. A simbiose dos amieiros com bactérias fixadoras de azoto é uma característica importante no género Alnus mas irrelevante na espécie Alnus glutinosa, o nosso amieiro. Esta adaptação é essencial nas espécies pioneiras do género mas o Alnus glutinosa vive em solos extremamente ricos, deixando cair a folha verde, já que não necessita de reabsorver os nutrientes.

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  4. Uma curiosidade sobre amieiros. É claro que a ecologia da espécie não aconselha o seu uso como árvore ornamental ou de arruamento, mas no bairro da Bouça (rua da Boavista, Porto) foram há poucos anos plantados amieiros. As árvores sobreviveram graças ao sistema de rega instalado no relvado. Como se sabe, essa rega constante e intensiva é altamente prejudicial às árvores que não estão habituadas a beber tanto. Se não se acabar com o desperdício dos sistemas automáticos de rega, talvez o amieiro seja a árvore do futuro nos nossos jardins.

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  5. Obrigado pelos excelentes comentários - e sem dúvida que é sempre um privilégio assistir a uma comunicação do nosso amigo Carlos!

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