quinta-feira, 14 de abril de 2011
Os areinhos fluviais de Gaia
Fotos: Isabel Castro Freitas
Numa subida de barco que fiz pelo Douro durante esta semana fiquei a pensar na originalidade dos depósitos fluviais da parte terminal do rio Douro. Os areinhos fluviais de Gaia têm diversos motivos de interesse, desde a sua utilização como zona balnear às suas singularidades florísticas. Em termos geológicos é invulgar o aparecimento de depósitos de gravilha com aquelas dimensões nas partes terminais dos rios, já que nessas zonas a corrente costuma ser mais fraca e há uma tendência para a deposição de limos e formação de planícies aluviais. Contudo o rio Douro não é um rio qualquer e sua parte terminal é geologicamente muito recente. Ao chegar ao Porto, as suas águas ainda tem capacidade para transportar areão grosseiro, e por essa razão o estuário do rio Douro é incipiente em comparação com os estuários dos grandes rios. No estuário do Douro e nos areinhos de Gaia surgiam plantas que agora se encontram extintas em Portugal como o Juncus gerardii e a Vicia tetrasperma. Muitas dessas plantas ocorriam porque as suas sementes eram transportadas pelas águas do rio desde o canhão do Douro até à Foz. A Coronilla minima ocorria nestes areais apesar de ser uma planta dos leitos de cheia interiores, no meio de outras plantas características da Terra Quente. Indiferentes a esta paisagem invulgar, os veraneantes banhavam-se nas águas do Rio e comiam belas petiscadas como o sável assado no espeto. Os tempos são outros e algumas das singularidades deste local perderam-se para sempre.
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Olá Paulo. Obrigado pela explicação do que nos chega cá junto ao mar.Como noutro dia me(nos) explicava o resp. dos Jardins-UTAD,dizia ele que o DOURO é uma prisão para a flora(por vezes a mais estranha,N-África,N-Europa) da qual 'só pode escapar' à boleia das águas que nos molham os pés.
ResponderEliminarCarlos Silva
Muito interessante! E acho que dá para ver, ao longe, as belas vinhas do vinho verde!
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