Os taludes das estradas são utilizados por muitas espécies de plantas como corredores de dispersão. Só assim se explica a presença, por exemplo, do termófilo Cistus albidus (Cistaceae) a 700 m de altitude, mesmo às portas de Bragança.
O Ulex europeus destaca-se no fundo acinzentado de uma paisagem ainda invernal porque em Trás-o-Montes floresce no final de Março, início de Abril, quando a maior parte das árvores ainda nem sequer abrolhou. Primavera após Primavera, acompanhei nos últimos vinte anos a penetração do U. europaeus, desde a região de Vila-Real até ao extremo NE de Portugal, pelos taludes do IP4. Já chegou ao norte do concelho de Miranda do Douro.
Embora seja uma espécie indígena de Portugal, o U. europaeus tem claramente um comportamento invasor no NE. Por enquanto, permanece contido nos taludes viários, não quer dizer que um destes dias não salte da vizinhança do IP4, ou das estradas que a ele têm acesso, para as terras abandonadas colonizadas por Cytisus sp.pl. «giestas».
Na Primavera, há medida que as florações se sucedem, conseguem-se detectar padrões de outro modo impossíveis de observar. Há que aproveitar que o tempo está óptimo.
Bela planta! E será muito diferente do Ulex europaeus subsp. latebracteatus, um afamado endemismo?
ResponderEliminarApesar de ser de facto um padrão que se vê - relembro também o caso do Pycnocomon rutifolium ao longo das estradas na região da Comporta e até da A2, planta que só aparece lá para Castro Marim e entre estes dois pontos está ausente - ainda não consegui perceber o mecanismo. Não estou bem a ver como podem as sementes aproveitar-se das estradas para viajarem centenas de km nalguns casos... agarradas pneus?! Nalguns casos podem ir viajando ao longo dos taludes, mas isso não explica os gaps que existem.
ResponderEliminarNão será antes que são trazidas juntamente com terras alóctones durante as obras?