Num dos posts (aqui) referi os riscos de uma gestão relaxada dos lameiros. O dono descuida-se, não fena, não arranca as ervas-daninhas à enxada, não limpa muros e agueiras, e rapidamente se espandem plantas indígenas pouco produtivas, de baixa palatibilidade. Tenta-se o fogo, o herbicida, mas a certa altura a boa flora pratense só é recuperável com uma mobilização seguida de ressementeira.
Hoje trago uma das infestantes mais perniciosas dos lameiros mal-tratados, o Carex lusitanica (Cyperaceae):
Hoje trago uma das infestantes mais perniciosas dos lameiros mal-tratados, o Carex lusitanica (Cyperaceae):
O C. lusitanica, com o passar dos anos, desenvolve uma toiça densa, em altura, com uma grande quantidade de folhas secas na base:
O fogo é uma forma de conter o alastramento da espécie a partir das linhas de água. Para que os cárices lusitanos ardam o prado tem que estar bem seco, e a humidade relativa baixa.
Nestas condições o risco de ignição de matos e matas vizinhos aos lameiros, a partir das queimadas é grande.
Os cadáveres das toiças de C. lusitanica fazem lembrar, por exemplo, as Xanthorrhoeaceae australianas (foto de Xanthorrhoeaceae, Jardim Botânico da Universidade do Porto) .
De fora considerações filogenética, o C. lusitanica tem logo uma irremediável diferença em relação aos seus análogos tropicais: suporta bem o frio; fazia um frio de rachar quando foram gravadas as fotos da espécie aqui apresentadas.
As semelhanças entre a Carex lusitanica e a Lomandra longifolia fazem-nos intuir que uma palmeira tem mais em comum com um azevém do que com um carvalho...
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