O Outono é uma desconsolada despedida do tempo quente e dos dias longos. As tardes podem ser amenas e soalheiras, mas as manhãs são frescas e orvalhadas. Aproximam-se pelo menos 4 meses de geadas ininterruptas na montanha nordestina, lá para Janeiro ou Fevereiro seguramente polvilhados com pelo menos 3 nevadas. A paisagem entristece-se sob a luz mortiça de um sol a apontar as terras quentes do sul. O ciclo de vida das plantas prossegue o seu ramerrame milenar. As plantas perenes preparam-se para o período frio entrando em dormência. Ainda durante o Verão os meristemas caulinares (tecidos muito frágeis especializados da produção de caule e folhas) foram cuidadosamente revestidos por catáfilos (folhas reduzidas as escamas rígidas com uma função de protecção), e a divisão das suas células interrompida (ou quase) até à próxima Primavera. A queda das folhas das árvores e dos arbustos caducifólios (de folha caduca) entretanto já começou. Primeiro cai a folha dos freixos, depois, a dos castanheiros, dos carvalhos e dos ulmeiros, e por fim a dos salgueiros e dos amieiros, quando as geadas começarem a queimar. Antes da abcisão (queda) das folhas, a clorofila é desmontada e os seus subprodutos - moléculas de grande valor biológico - armazenados nos tecidos do caule da raiz. O verde vibrante da Primavera desaparece então da paisagem. Dominam agora, por estes dias, as cores dos pigmentos foliares sobrantes (carotenos e antocianinas): os amarelos, o laranja e o vermelho.
Nas sebes espinhosas, as cores quentes do Outono surgem pontuadas pelos frutos coloridos dos arbustos característicos de uma classe de vegetação que os fitossociólogos designam sob o pomposo nome de Rhamno-Prunetea spinosae. Esta é uma boa altura para distinguir nas sebes da Terra-Fria nordestina 3 espécies, muito mais frequentes do julgávamos há uns anos atrás, e que o menos avisado facilmente confundirá: Cornus sanguinea (Cornaceae), Rhamnus cathartica (Rhamnaceae) e Prunus insititia (Rosaceae).
Três fotos primaveris de C. sanguinea:
Merveilleux!
ResponderEliminarUm tanto melancolico o post, mas soberbo!
ResponderEliminarNo entanto o Outono tem todo o vigor dos fungos, e do verde das herbáceas, e em especial ai.
O Inverno é...
isto é pura poesia!
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