"Para lá de Vila For, em direcção a Moncorvo, desce-se por uma pequena pendente suave e através de belas pastagens, até ao rico e fértil vale conhecido por Campo da Vilariça".
"As terras [da Vilariça] não são estrumadas, ao contrário das terras vizinhas".
"Além dos cereais, dos quais se colhem anualmente 30000 alqueires, cultiva-se o cânhamo [para a indústria da cordoaria] nos locais inundados pelo rio Sabor; calculamos que produzam anualmente 220 a 254 milliers [1 millier = ca. 490 kg] de cânhamo".
" A terra própria para o cânhamo em primeiro lugar é arada na Primavera [a charrua não era ainda utilizada na região, estaria em uso um arado com aivecas de madeira ] e depois gradada; quinze dias depois repete-se a operação, semeando-se em seguida. A planta do cânhamo permanece, de ordinário, 100 dias na terra; em seguida é cortada, e amontoada em grandes molhos, durante oito dias, num terreno destinado para o efeito (o tendal); de seguida fazem-se pequenos molhos, as estrigas, que são posteriormente macerados na água".
"... os melões passam por ser os melhores do Reino" ;-)
Cannabis sativa subsp. sativa (Cannabaceae) « cânhamo» [Le Château de Guédelon, Auxerre, França; foto C. Aguiar].
Na bibliografia taxonómica e nas bases de dados de nomenclatura botânica geralmente admitem-se duas subespécies de C. sativa: sativa e indica. O cânhamo textil, ou cultivado para a produção de sementes destinadas à alimentação animal (fáceis de encontrar nas lojas da especialidade em Portugal, diga-se), pertence à subsp. sativa. Esta subespécie, aparentemente, é nativa da Ásia Central; na Europa Oriental são frequentes populações naturalizadas em ambientes ruderais. As plantas da subsp. sativa têm folhas grandes de segmentos estreitos (vd. foto). Este critério morfológico, no entanto, é insuficiente para destrinçar a subsp. sativa da psicotrópica subsp. indica (vd. aqui). A taxonomia de Cannabis permanece confusa e inconclusiva.
O cultivo do cânhamo já teve alguma expressão (agricola, economica, social) em trás-os-montes... com o fim do ultramar, 25 abril e "ignorancia" na confusão com a cannabis foi-se perdendo o cultivo
ResponderEliminarO cânhamo é usado desde há muito tempo na cordoaria. Uma das principais rua de Marseille, cidade portuária do sul de França, tem como nome Canebière; este nome teria origem em 'canabe' (chanvre) o qual era cultivado na região e usado para a elaboração dos cabos para a marinha. O uso de cânhamo está também fortemente relacionado com superstições marítimas ligadas ao coelho; de facto o coelho (ou o rato) podem roer os cabos ou a calafetagem de origem vegetal dos barcos provocando acidentes no mar alto.
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