terça-feira, 13 de julho de 2010

Polygonum bistorta (Polygonaceae)

Faltei seis anos seguidos à chamada da terra dos meus ancestrais maternos: a pequena vila, e grande concelho de Montalegre. Estive pela última vez em Contim no final da década de 90, a pequena aldeia de onde escaparam das tropas francesas e da fome alguns dos meus avoengos barrosões. Já não me lembro quando vi pela última vez uma chega de bois, a vezeira do gado miúdo, um pastor de croça e uma perdiz-cinzenta (sim, vi esta espécie no Planalto da Mourela, era ainda garoto).
Este ano voltei, finalmente; desta vez na companhia de um naipe excelente de botânicos lusitanos e espanhóis.
Foram dois dias intensos, de incessante colheita e observação de plantas. Enquanto vasculhava os urzais-tojais tão característicos da região, recordei uma das minhas primeira experiências botânicas, um dia há  30 anos atrás, quando observava extasiado o delicado esporão de uma Linaria elegans, que chamava de orquídea. No final da jornada, a caminho de Montalegre, vindo de Pitões da Júnias, depois de um tremendo dia de chuva a colher plantas em turfeiras, molhado da cabeça aos pés, lá estava ele, o Polygonum bistorta.


Esta planta de ampla área de distribuição na Europa, em Portugal, tanto quanto sei, só ocorre em Montalegre. Conheço-a de um lameiro na margem esquerda do Cávado, a poucas centenas de metros da ponte de Frades.
As gerações de agricultores, de primeiras e segundas gerações urbanas sucedem-se, mudamos de terra e de profissão, o P. bistorta, porém, persiste impassível, imutável, no seu pequeno lameiro, longe, muito longe, das densas e exuberantes populações centro-europeias da sua espécie.

4 comentários:

  1. Muito bom... um reduto inusitado.
    ...e, agora que a mencionas de novo, acabei de descobrir que planta era aquela que uma vez vi nos cotos da Fonte Fria há vários anos, proeminente num dos pontos mais altos, Linaria elegans, pois era ela certamente!

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  2. Fantástico!... pois, também me parece que é comum nos Alpes.

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  3. Sou leigo em plantas, mas por um desígnio, numa visão em sonho, minha esposa estava no sítio onde nasceu no interior de Pernambuco, lá alguém teria indicado para ela uma raiz que seria capaz de curar a enfermidade dela (câncer de mama). Na visão do sonho aquele homem que fez a indicação do fitoterápico falou o nome da planta (raíz-de-cobra) e ela sentiu-se familiarizada com aquela raiz que parecia ser uma espécie de mandioca (macaxeira) comum no sítio. Eram grandes raízes de cor marrom típico da terra. Após ela me contar o sonho, minha primeira atividade do dia foi buscar na internet o nome da planta e as fotos das raízes postadas na web bateram perfeitamente com a imagem do sonho dela. Ficamos encantados com o fenômeno (sonho e realidade). Infelizmente a planta é de origem estrangeira e dificilmente teremos condições para experimentar essa indicação de natureza divina. Sem perder a esperança de encontrar o fármaco, voltei a pesquisar novamente e encontrei esse belíssimo blog que onde o editor fala com naturalidade de sua vida intimamente unida num elo com a natureza. Parabéns! Se for possível ver esse meu comentário e tiver condições de nos ajudar, serei muito grato e dedico lhe essa passagem da bíblia que nos ensina sobre a ciência das plantas, momento que vejo firmar no coração do editor “plantas e pessoas”.

    “Honra o médico por seus serviços, pois o Senhor criou também a ele. Pois é do Altíssimo que vem a cura e é do rei que o médico recebe presentes. A ciência do médico o faz levantar a cabeça: perante os grandes, ele é admirado. O Senhor criou remédios saídos da terra./e o homem ajuizado não os rejeita. Não foi um pedaço de madeira que tornou doce a água, para assim manifestar sua força? Foi ele quem deu aos homens a ciência para que estes o glorifiquem por suas maravilhas. Por elas, ele trata e acalma a dor; o farmacêutico prepara o remédio, de sorte que suas obras não têm fim e a saúde vem dele sobre a face da terra” (Sirácida / Eclesiástico 38,1-8)
    Lauro Carvalho

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  4. onde eu posso comprar essa planta?

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