quinta-feira, 22 de julho de 2010

Vicia articulata (Fabaceae)

Aqui há tempos referi, neste blogue, que a Vicia articulata estaria extinta em Trás-os-Montes (vd. aqui).
Pois bem, uma boa notícia: os meus amigos da AEPGA (Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino, vd. aqui) descobriram-na no Planalto de Miranda e multipicaram-na com sucesso.
Esta antiga planta forrageira de proveniência desconhecida, designada na região por "parda" ou "ervilhaca-parda", era cultivada nos solos mais pobres (será tolerante à escassez de fósforo?) para produzir fenos. Mais recentemente, lá para os lados de Mirandela, misturava-se com centeio para melhorar o habitat da perdiz-vermelha. Parece que se enreda nos colmos do cereal, formando uma mata emaranhada que a perdiz aprecia para esconder os ninhos e as crias.


Vicia articulata (Fabaceae). Esta espécie tem uma característica única entre as plantas do género Vicia: as estípulas - i.e. os dois orgãos que ladeiam a inserção da folha no caule - são muito distintas, uma é grande e ramificada (parece uma anémona), a outra pequena e linear (fotos CA)

A extinção de uma espécie, de uma variedade ou de um ecótipo cultivado é, por definição, irreversível. Quem sabe se estas plantas pouco produtivas, adaptadas a solos de baixa fertilidade, não serão fundamentais nos sistemas de agricultura do futuro? Um tema para reflectir com demora no próximo ano agrícola/escolar.
Volto no final de Agosto.

12 comentários:

  1. Esta antiga planta forrageira de proveniência desconhecida..... já estava referido o seu centro de origem nos anos 40 ver VAvilov e seus seguidores

    A extinção de uma espécie???
    é parvoice não é o que está em causa, existe no estado natural e é cultivada em muitos lados, logo...
    de uma variedade ou de um ecótipo cultivado é, por definição, irreversível, ainda há bancos de germoplasma

    uma escola agrícola, se é o melhor tema que têm estão tramados


    Um tema para reflectir com demora no próximo ano agrícola/escolar

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  2. só faltava aqui um frito a comentar

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  3. Nao se sabe quando a V. articulata chegou ao território continental português e de onde veio, insisto (rebata-me s.f.). Repare que a V. articulata nao faz parte do lote de espécies introduzidas no Neolítico: a sua chegada é posterior. Entende agora a questao?
    ".. existe no estado natural e é cultivada em muitos lados, logo..." Logo o quê, "Banda in barbar" ? É indígena da Ásia, muito bem, eu sei ler a entradas da Flora Iberica, obra da qual fui, aliás, acessor regional. Nao seria, porém, tao entusiastico quanto à situaçao dos ecótipos cultivados. Leia s.f. este documento: http://members.westnet.com.au/enneking/pdf/pubs/Vandewouw_etal_Vicia.PDF e veja o que se passa em Itália e em Espanha. Certamente saberá, espero eu, que a extinçao de ecótipos cultivados é algo de muito sério. Por outras palavras, o facto da espécie ser cultivada na Ásia nao diminui a importância da sua extinçao em Portugal e no ocidente mediterrânico.
    Curiosamente, conto-lhe que colhi a espécie com uma gestora de um banco nacional de germoplasma que demonstrou o mesmo entusiasmo que eu quando vimos a V. articulata cultivada junto a um pombal tradicional, a norte de Miranda.
    "Banda in barbar", em vez de se deixar levar pela necessidade rancorosa de castigar o comentador, leia com olhos de ler a parte final do meu comentário e perceberá que ele se dirige genericamente a todas as plantas cultivadas. Leia as vezes que for preciso a frase: "A extinção de uma espécie, de uma variedade ou de um ecótipo cultivado é, por definição, irreversível". Percebeu agora? Se eu considerasse a descoberta da V. articulata no Planalto de Miranda uma notícia de relevo internacional escrevia um paper, e nao um poster a contar uma história.
    A mente tem destas coisas. Engana-nos, faz-nos ler aquilo que nao está escrito.
    Caro anónimo, quer que lhe envie os apontamentos de botânica que escrevi para os meu alunos uma vez que está tao preocupado com a qualidade do ensino que ministro? Quer vir comigo para o campo? Quer escrever neste blogue? É tanto seu como meu (nota: utilizei um computador sem tis).

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  4. obra da qual fui, aliás, acessor regional...pressuponho que da última edição mais amarelinha.....
    quanto ao fósforo....em Vicia articulata
    e às suas menores necessidades neste e noutros
    micronutrientes
    total P by the colorimetric molybdate method (Fiske and Subbarow, 1925).


    ao território continental português e de onde veio, insisto (rebata-me s.f.), deveria falar com os arqueólogos que nos anos 60 encontraram vestígios nos castros do norte português existe há 3000 anos pelo menos
    é pré-romana se calhar pré-celta
    provavelmente
    sobre os apontamentos de botânica que escrevi para os meu alunos, não necessito, fui obrigado a construir 2 herbários há 25 anos, um para a FCUL outro de botânica agrícola
    e para me chatear com a Botânica tive o Ario Lobo de Azevedo quando ele era director daquela instituição caduca em Oeiras
    2º (repare que não há 1º)Quer vir comigo para o campo, no planalto mirandês com esse calor? você deve ser jovem!!!
    repare com jovem não estou a fazer-lhe inferências como as fez a mim.

    Imprecisão:será tolerante à escassez de fósforo?
    Requirements for phosphorus, calcium and other minerals are less pronounced. ...



    http://resources.metapress.com/pdf-preview.axd?code=u824062344675n74&size=largest

    relativamente ao centro de origem os alemães~
    indicam-na como indigena da bacia mediterrânica

    não necessito de escrever, já escrevi o suficiente, mas é simpático da sua parte

    qualquer dúvida quanto ao articulado, tenho umas dúzias de caixas cheias de artigos relacionados com leguminosas que estou a deitar para o lixo, foi só por isso que comentei
    nem sequer o conheço...acho
    se veio de agronomia ou biologia se calhar até o conheço

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  5. O centro Irano-Turaniano é dado como originário para algumas espécies
    a V. articulata?(Kupicha et all)não se comprometem, quanto à flora...indicar origem asiática em vez de mediterrânica...isso

    geneticamente a Vicia articulata tem mais similitude às da bacia mediterrânica

    mas isso é espúrio...
    quanto ao restante óbvio que tem razão, mas exceptuando para alimento para gado, não vejo como poderia levar agricultores a dedicar-se ao seu cultivo.
    E como deve saber(siga-me o meu pobre raciocínio)
    as produções por hectare não são altas, óbvio vai contrapôr que é uma cultura "melhoradora",
    mas mesmo em fixação de azoto fica muito aquém de outras

    quanto ao comentário do anónimo frito da mioleira
    um dos melhores professores de viticultura em Portugal o professor João Araújo era um "frito "
    da guiné, logo comentários ...para quê

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  6. "pressuponho que da última edição mais amarelinha..... "
    Nao entendo, pode explicar um pouco melhor!

    "quanto ao fósforo....em Vicia articulata
    e às suas menores necessidades neste e noutros
    micronutrientes ..."
    A sua cultura em solos marginais, menos produtivos, é por si só uma evidência da sua frugalidade. A V. articulata nao competia, por exemplo, (pelos solos) com a lentilha ou a V. villosa (planta entretanto assilvestrada um pouco por todo o Portugal).

    "Quer vir comigo para o campo, no planalto mirandês com esse calor? você deve ser jovem!!!"
    Basta levantar cedo e fazer a sesta a meio da tarde. O Eng Pinto da Silva tinha 70 e muitos anos e colhia plantas pelo calor.

    "deveria falar com os arqueólogos que nos anos 60 encontraram vestígios nos castros do norte português existe há 3000 anos pelo menos
    é pré-romana se calhar pré-celta"
    Precisamente, como eu havia referido. Daí o interesse da coisa. Nao faz parte do pacote neolítico de plantas cultivados.

    "Requirements for phosphorus, calcium and other minerals are less pronounced. ..."
    Claro. Meu caro, este blog nao é uma revista científica. Se ler os meus post anteriores tem muito por onde pegar: a linguagem é muitas vezes coloquial.

    "relativamente ao centro de origem os alemães~
    indicam-na como indigena da bacia mediterrânica" Obrigado, já em tempos tinha lido.

    "quanto ao restante óbvio que tem razão, mas exceptuando para alimento para gado, não vejo como poderia levar agricultores a dedicar-se ao seu cultivo."
    Pois, por isso a regressao da sua área de ocupaçao no ocidente mediterrânico. A sua cultura é inviável no presente mas há que precaver o futuro. Mas esse assunto é outro, fica para outros posts. A explicaçao está, por exemplo, neste belo livro: http://www.amazon.com/Dirt-Civilizations-David-R-Montgomery/dp/0520248708

    "E como deve saber(siga-me o meu pobre raciocínio)
    as produções por hectare não são altas, óbvio vai contrapôr que é uma cultura "melhoradora",
    mas mesmo em fixação de azoto fica muito aquém de outras"
    Nao contraponho, nao. Tenhamos sacas de superfosfato em abundância e melhores alternativas nao faltam.

    "qualquer dúvida quanto ao articulado, tenho umas dúzias de caixas cheias de artigos relacionados com leguminosas que estou a deitar para o lixo, foi só por isso que comentei
    nem sequer o conheço...acho"
    Nao deite fora os seus artigos. Envie-mos que eu pago os correios. Estou a falar a sério.

    "se veio de agronomia ou biologia se calhar até o conheço"
    Eu nao posso dizer o mesmo: nao sei o seu nome.

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  7. Que discussão tão invulgar! É bom verificar que, mesmo em agosto, este blog continua bem vivo!

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  8. "a capa da última edição que me veio parar às mãos é de um amarelo vivo
    pronto, creio ter explicado um pouco melhor!

    A sua cultura em solos marginais, menos produtivos, é por si só uma evidência da sua frugalidade.
    óbvio por isso não entendi a sua interrogação


    "O Mariano Feio, o Galopim de Carvalho e dúzias de outros entre os 60 e 70 e muitos anos faziam o mesmo nas suas diversas especialidades sejam, plantas, sedimentos, fósseis....pelo calor...como diz não é por isso que é mais terapêutico, colhê-los ao frio e à geada também não, conduz a artrites, golpes de sol taquicardias e afins, morre-se mais saudável?
    indubitavelmente

    Nao faz parte do pacote neolítico de plantas cultivados.Certo, mas há indícios do seu cultivo
    é só seguir as migrações humanas, processo falível, mas não parece haver alternativas

    este blog nao é uma revista científica.
    mas pressuponho que seja de divulgação científica
    compreendo que tempo seja algo que falte
    a linguagem é muitas vezes coloquial, não invalida que deva ser obrigatoriamente imprecisa



    A sua cultura é inviável no presente mas há que precaver o futuro.
    Para isso os bancos de germoplasma servem, muitas das variedades mais difundidas no mundo
    actual, partiram de ensaios varietais com algumas dezenas de quilos de sementes e nalguns casos (tomate, etc com muito menos que isso) OMG's incluidas

    Nao deite fora os seus artigos. Envie-mos que eu pago os correios. Estou a falar a sério.
    lamento é quase tudo bolor...artigos e revistas agrícolas e botânicas antigas estão espalhadas por todo o país...o Mariano Feio deixou-as
    em Ferreira do Alentejo quando morreu provavelmente foram para o lixo
    As do Germano da Fonseca Sacarrão acabaram na feira da Ladra
    Se o Ario Lobo de Azevedo não estiver vivo, as dele devem juntar-se aos do Conde de Nova Goa (seu professor creio)e ficarem a apodrecer
    no polo da mitra da universidade de évora
    portanto bibliotecas sobre o assunto são atiradas para o lixo todos os anos, é impossível recuperá-los alguns pensaram na digitalização, mas há tanta coisa das décadas de 20 às de 70 (e posteriores) que é
    impossível fazê-lo

    ah ia dizer algo sobre a definição das fotografias mas pressuponho que seja díficil
    carregar num blog imagens com grande resolução
    é interessante sim senhor

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  9. pranti, pranti quê o João garantchi!!!

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