Para um trabalho que tenho em mãos, fiz um apanhado das plantas cultivadas de interesse agrícola extintas, nos últimos cem anos, ou em franca regressão no NE de Portugal. São elas: aveia-negra (Avena strigosa), aveião (A. sativa subsp. byzantina), cânhamo (Cannabis sativa var. sativa), garroba (Vicia articulata), linho (Linum usitantissimum), mastruço-ordinário (Lepidium sativum), milho-miúdo (Panicum miliaceum), milho-painço (Setaria italica), trigo-sarraceno (Fagopyrum esculentum), variedades tremeses de trigo-mole (T. aestivum) e de centeio (Secale cereale), trigo-spelta (Triticum spelta) e trigo-túrgido (T. turgidum).
Avena strigosa (Poaceae) [foto C.Aguiar]
Desta lista, tanto quanto sei, sobrevivem a aveia-negra (Avena strigosa), cultivada nos solos mais pobres do planalto de Miranda, e o linho (Linum usitantissimum), pontualmente cultivado como uma curiosidade de outros tempo. Aqui e ali, na margem de caminhos ou como infestante em culturas de Primavera-Verão (e.g. milho-graúdo), vêem-se plantas de milho-miúdo (Panicum miliaceum) provenientes das misturas de sementes para pássaros.
Por vezes, ao olhar arrelvados de Aegilops geniculata (=Triticum geniculatum), imagino um nosso antepassado nos alvores do Neolítico perguntando-se se entre as plantas que via, as maiores e com mais sementes não valeriam a pena serem cultivadas...
ResponderEliminarUrgente é que estes 'fósseis' agrícolas possam persistir mesmo que seja em bancos de germoplasma perante a perigosíssima monotonia genética das variedades comerciais actualmente globalizadas. Quando quisermos os genes para a engenharia, onde iríamos buscá-los?
Aos autores do blog aproveito a oportunidade para os cumprimentar e dar-lhes os parabens por este espaço muito agradável e instrutivo, para quem gosta imenso de plantas como eu e...vocês.
ResponderEliminarAproveito a oportunidade para lhes colocar uma questão, se fizerem o favor de me responder: comecei este ano a cultivar espelta (triticum aestivum, variedade spelta), grande espelta, porque ainda há a pequena espelta; fiz uma folha de algumas centenas de metros para experimentar a cultura, poderia eventualmente a semente que arranjei não resultar, mas parece que resultou, já tenho espigas em algumas das plantas; mais tarde poderei enviar foto se estiverem interessados. Não imaginam o prazer que é olhar para as searas, ainda não tenho na mente as imagens dos campos de centeio, utilizado para o gado e para fabrico da broa, de há cinquenta anos. Conhecem alguém que semeie ou tenha semeado espelta em Portugal? Que conhecimentos me podem acrescentar sobre este cereal e suas aplicações?
O meu endereço é: dinisousa@sapo.pt
Dinis, desculpe, mas só hoje li o seu comentário. Não conheço ninguém que cultive trigo-espelta em Portugal, lamento. Tenho alguma bibliografia sobre a taxonomia de Triticum mas não sobre os seus usos. Vou procurar. De qualquer modo envie-me uma ou mais fotos e um pequeno texto que terei todo o gosto em colocar no blogue em seu nome.
ResponderEliminaraff
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