terça-feira, 23 de agosto de 2011

Echium salmanticum, E. lusitanicum e E. rosulatum (Boraginaceae)

Além da Scrophularia grandiflora do post anterior ocorrem em Portugal continental (Lu) outras plantas ruderais de distribuição restrita. Uma delas é o Echium salmanticum, um endemismo Ibérico relativamente comum na falda leste da Serra da Estrela e na Cova da Beira (não tenho a certeza mas parece-me ser o Echium que colonizou os separadores da A25 junto à Guarda).

Echium salmanticum

Durante anos, antes da publicação da Flora Iberica, confundi-o com outro endemismo ibérico, o E. lusitanicum: as duas espécies distinguem-se não sem esforço através da estrutura do pêlos do cálice; os estames são ainda mais excertos (salientes para fora da corola) no E. salmanticum do que no E. lusitanicum. O E. lusitanicum é frequente nas montanhas do NW, por exemplo nos taludes e lameiros por todo o Barroso.

Echium lusitanicum

Já agora, uma pequena nota sobre o E. rosulatum. O E. rosulatum subsp. rosulatum é um dos taxa indígenas de Echium mais frequentes em Lu, talvez o mais fácil de observar logo a seguir ao E. plantagineum.

Echium rosulatum subsp. rosulatum

Não sei onde tenho as minhas fotos de uma outra subespécie de E. rosulatum, do E. rosulatum subsp. davaei, um endemismo ornitocoprófilo (de habitats enriquecidos com excrementos de aves) das Berlengas. Se visitarem estas ilhas na Primavera, mal saiam do barco, deparar-se-ão com as inflorescências da Armeria berlenguensis (Plumbaginaceae) que pontuam de rosa as escarpas, os caminhos e até os muros do forte. Ultrapassadas as escarpas hão-de reparar que as encostas sobranceiras ao bares estão pejadas de E. rosulatum subsp. davaei, que é aí uma planta quase tão abundante como a gaivota-argêntea (Larus argentatus).
Que género mais interessante este! Ainda não há muito tempo escrevi um post com fotos dos três Echium endémicos do Arquipélago da Madeira (ver aqui).

7 comentários:

  1. Olá.
    Sendo eu tão só um leigo espantado com a palete de padrões e cores da natureza (não só das plantas!) vejo que ao referires o NW, verifico que o que encontrei já há 2 anos em redor do Most. de Pitões deverá ser este (ou o Lusitanicum?),tão diferente era daqueles que conhecia.Terei que verificar!! também se o que fotografei em Ancares em 2009 é este ou outro.
    Obrigado pela bela apresentação.
    Carlos Silva

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  2. Olá Carlos! Em Pitões viste o E. lusitanicum. As cores das corolas deste Echium são de facto surpreendentes.

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  3. Fantástico post!
    Em relação a Ancares e Galiza existem algumas publicações muito interessantes:

    SILVA PANDO, F.J. 1994. Flora y series de vegetación de la Sierra de Ancares. Fontqueria 40: 233-388.

    SILVA PANDO, F.J. 2008. Las plantas endémicas e subendémicas de Galicia. Bol. BIGA 3: 9-150. [Documento en línea, creado el 22 de noviembre de 2008]. Disponible desde Internet en: http://www.biga.org.

    Abraço,
    ZG

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  4. Olá (correcção:óbvio,queria escrever paleta e não palete-não queria guardar as plantas!)
    Obrigado pelas vossas preciosas informações.
    Sim, E.lusitancum (havia-lhe 'dado' um nome da península itálica??)!!
    [O de Ancares (Mts.Aquilianos) parece-me diferente dos que foram apresentados;com ramos mais separados entre eles].
    Obrigado uma vez mais.
    Carlos Silva

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  5. Bem..fui ao www.biga.org e de facto deve ser tb o E. lusitanicum.
    Obrigado.
    Carlos Silva

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  6. Excelente post como sempre.

    Sempre assumi que o Echium com as características acima referidas que ocorre na vertente ocidental da serra da Estrela, de influência mais atlântica fosse o E. lusitanicum. Irei estar mais atento para observar se se trata na realidade de E. luisitanium ou quem sabe de E. salmanticum.

    Sempre a aprender com este blog.

    Alexandre

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  7. É verdade, aprendemos sempre aqui muito!!
    ZG

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