domingo, 16 de janeiro de 2011

Echium portosanctense (Boraginaceae)

No meu último post (aqui) referi ao de leve que o género Echium especiou intensamente nas ilhas macaronésicas, excepto no arquipélago dos Açores.

Estão descritos dois Echium endémicos na ilha da Madeira:
o Echium nervosum nos andares de vegetação basais e o ...


... Echium candicans lá em cima, na montanha.

Boas notícias! Acabou de ser descrito um novo Echium endémico, desta feita na Ilha de Porto Santo (ver aqui).
Aqui está ele:


Echium portosanctense.

[fotos C. Aguiar]

8 comentários:

  1. Uma boa notícia! O género Echium tem em si algo que quer fugir do carácter mediterraneo; à medida que se aproximam da Macaronésia as hastes florais erguem-se e tendem para a verticalidade até se tornarem naquelas plantas surpreendentes das Canárias. Será para fugir da predação dos insectos granívoros ou dos herbívoros, ou então para atrair os polinizadores? De facto, aquela cor azulada das flores não polinizadas destaca-se muito no lusco-fusco e as hastes florais verticais devem ver-se ao longe; merecia ser analisado.

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  2. "Olá! O meu nome é Echium boissieri, também sou surpreendente e tenho hastes florais verticais até três metros!" ;-)

    Sim, os Echium "macaronésicos" são fantásticos, não há dúvida! Mas o nosso pequeno "agave" monocárpico também não lhes fica atrás! Uma planta que vive uns 3 anos vegetativamente, para de repente investir tudo numa floração massiva e morrer. Estratégias tão dramáticas como esta não são nada comuns na nossa flora continental. A maior parte das plantas com este estilo de vida são bienais, mas não este Echium. Tem alguma semelhança com as caulirosuladas das ilhas.

    Belíssima descoberta! É fascinante ainda haver tanto por saber nas ilhas.

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  3. Fascinante! As caulirosuladas são das plantas mais difíceis de classificar na estratégia CSR porque exibem estratégias de especialistas, competidoras e ruderais...

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  4. Caro anónimo, nunca tinha reflectido sobre o significado evolutivo das "massarocas" de flores dos Echium macaronésicos. Agradeço imenso as suas hipóteses; ficam em aberto para quem as puder explorar com propriedade. De qualquer modo - aproveito a deixa - a vistosidade das inflorescências destes Echium é coerente com a de outras espécies na ilha Madeira (e.g. Pericallis, Sonchus, Isoplexis ou Argyranthemum). Sobra a sensação que nesta ilha ocorreu uma espécies de "corrida evolutiva aos polinizadores" (vd. conceito de "evolutionary arm race" na net). A ilha da Madeira é a ilha das flores por alguma razão. Certamente alguém, que não conheço, já terá escrito sobre o assunto.

    Miguel, pf. faz um post com uma foto do E. boissieri. Nunca o vi e já não és o primeiro amigo que dele me fala!

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  5. De facto a estratégia das caulirosuladas não encaixa em nada do tradicional - mas nunca tinha pensado na óptica das CSR - tenho de pensar melhor nisso.
    Acho que não seria disparatado dizer que o nosso Drosophyllum é uma caulirosulada (modesta...)! E não há muito mais plantas por aí com aquela morfologia/estratégia como ele, temos alguns Plantago nos alcantilados marítimos e tal
    O que será que moldou aquela estranha forma de crescimento do Drosophyllum que não se repete em quase mais nenhuma planta do continente?

    Carlos, mostrarei umas belas fotos do E.boissieri um destes próximos dias! É uma das minhas plantas favoritas, que causa um tumulto interno cada vez que vejo! Vale mesmo a pena ver, justifica uma vinda de propósito cá ao o centro/sul!

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  6. Não tive ainda o prazer de conhecer o ilustre Echium Boissieri, mas não tenho dúvidas de que será uma superplanta -justa homenagem ao grande botânico suíço Pierre Edmond Boissier, um verdadeiro gigante!
    Pierre Edmond Boissier - Wikipédia

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