domingo, 2 de janeiro de 2011

Cladoptose II

As árvores não são eficientes por igual a libertarem-se dos ramos em excesso. O Pinus pinaster (Pinaceae) «pinheiro-bravo» desrama naturalmente, sobretudo em povoamentos densos. Os Cupressus (Cupressaceae) «ciprestes», não. À medida que os troncos de Cupressus engrossam incorporam no lenho a base dos ramos mais velhos, estejam eles vivos ou mortos. Para se obterem boas madeiras, por exemplo de C. lusitanica «cipreste-do-buçaco», é necessário desramar ciclicamente as árvores.


 Plantação de Cupressus lusitanica desramada no final do Inverno. Seis meses depois ainda lá estavam os ramos pelo chão, junto a estevas e a silvados. Não ardeu tudo no Verão porque não calhou.

Os projectos florestais apoiados com fundos comunitários prevêem a retancha (reposição) das árvores mortas nos primeiros anos. O Cupressus lusitanica pega bem e resiste estoicamente à secura, por isso é muito apreciado pelos projectistas florestais. Agora talvez não, mas quando esta árvore começou a ser plantada em Trás-os-Montes muitos proprietários florestais não sabiam que as tinham de desramar activamente, ao contrário do que era habitual com o pinheiro-bravo. Uma desarmonia de interesses, entre muitas outras, que marcam as relações entre proprietários e projectistas florestais.

1 comentário:

  1. É interessante reparar que as coníferas arbóreas de zonas litorais em clima mediterrânico (Pinus pinaster, Cupressus macrocarpa) possuem processos de desrama bastante eficientes, ao contrário das coníferas de zonas montanhosas (Cupressus sempervirens, Pinus nigra). Uma indicação clara que o fogo fazia parte dos ecossistemas litorais mediterrânicos.

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