quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O espectacular Echium boissieri

Não consigo dizer muitas palavras - que alguém mais audaz avance para falar sobre esta planta. É uma planta simplesmente fantástica que temos o privilégio de ter em Portugal, e que estranhamente não se fala muito, apesar de, na minha opinião, estar em perigo. Aqui ficam algumas fotos, umas de uma população que o Marco Jacinto encontrou há uns anos na região de Ourém, outras de uma população mais clássica perto de Beja.

[foto:MPorto]

É estranhamente mais raro em Portugal do que seria de supor pela sua ecologia - vive facilmente em pousios e margens de caminhos. Como se vê nas fotos, um "vulgar" relvado perene (o "tal" habitat conhecido pelas múltiplas orquídeas que acolhe) serve-lhe perfeitamente.

[foto: Cristina T. Gomes]

Não sei ao certo quantas populações são conhecidas em Portugal, mas devem ser bastante poucas, e, pelo que vejo, sempre pequenas. Pelo que se vê no campo, parece ser uma planta que passa até 3 anos em roseta até, por fim, terminar a sua vida emitindo uma gigantesca inflorescência onde investe toda a sua energia. Uma inflorescência monumental, como um Agave.
Perdoem a figura humana, mas para servir de escala tem de ser:

[fotos: Ana Júlia Pereira]


Temo por esta planta. É de facto rara no nosso país (talvez não tanto em Espanha), e estas duas populações, pelo menos, podem não ter muito futuro. A de Beja em particular está a passar um mau bocado, empurrada para os taludes da estrada e margens de caminhos pelos girassóis que vegetam sob coberto do olival que já não é o que era. A de Ourém é um campo abandonado onde se instalou um relvado perene, e vê-se que a população está óptima, tem inúmeras plantas jovens, seedlings e adultos. Mas quem sabe o futuro deste relvado encaixado no meio de vinhas...

[foto: Ana Júlia Pereira]


[foto: Ana Júlia Pereira]

A espécie na verdade não tem problemas em regenerar. O problema é mesmo este ciclo de vida demasiado longo, impossível de sincronizar com a periodicidade tipicamente anual das actividades humanas.
Não deixa de ser uma estratégia estranha no contexto florístico que temos, que lembra, um bocadinho, as adaptações às ilhas.

11 comentários:

  1. É fininho, comparando com o Echium wildpretii das Canárias, mas já mete respeito !

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  2. Olá Miguel,

    obrigado por partilhares este Echium.. de facto nunca o tinha visto. É sem dúvida uma planta espectacular, como tens vindo a afirmar.

    AC

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  3. Soberba, sem dúvida!

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  4. Efectivamente espectacular! Excelente post!!

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  5. Será o ilustre Miguel Porto que se pode observar na companhia do excelente Echium Boissieri Steud.?

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  6. Belo post e boas fotos do 'taginaste' português. A primeira vez que vi esta planta (algures perto da barragem do Rôxo), talvez a mesma população eventualmente, estava chover a potes e tinha enterrado o jipe na lama, o que me obrigou a sair e dei de caras com o E. boissierii do outro lado da cerca de arame. Plantaço :-)
    JC.

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  7. 'taginaste' é o nome vulgar que as plantas do género Echium vivazes ou perenes com espigas longas recebem nas Canárias. O equivalente de 'massaroco', que é o termo português.

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  8. Também encontrei esta planta no Algarve, mais precisamente na freguesia de São Bartolomeu de Messines, concelho de Silves. Vou publicar em Flora em Portugal e nas Flores autóctones de Portugal.

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