sábado, 25 de setembro de 2010

Vicia narbonensis (Fabaceae) e Vicia faba (Fabaceae)

Evidências recentes datadas de 10º milénio BP (antes do presente), reunidas por Tanno & Willcox (2006), indiciam que a faveira (Vicia faba) foi domesticada no Crescente Fértil pouco depois do início do Holocénico.
O antepassado da faveira não está identificado. Alguns autores admitem que o ancestral da faveira está extinto; outros propõem que a faveira é um domesticado de V. narbonensis ou de V. galilaea, embora o número de cromossomas não seja coincidente.
As primeiras faveiras produziam sementes pequenas. Os botânicos colocaram estas plantas numa var. minor. A fava graúda que iremos semear dentro de dias, ou que encontramos nos mercados, é um seleccionado recente, talvez obtido por volta do ano 1000 d.C., na última etapa da Idade Média.
O nome Vicia faba foi atribuído por Lineu a plantas de sementes grandes originárias do Egipto. Por essa razão as faveira de sementes graúdas actuais pertencem à var. faba. O nome varietal var. major designa a mesma planta: é um sinónimo de var. faba. Portanto, o trinome Vicia faba var. major não pode ser usado. Enquanto a var. minor tem os seus autores [var. minor (Harz) Beck], a variedade tipo não leva autorias. Esta trica nomenclatural é de cumprimento obrigatório, assim o diz o Código Internacional de Nomenclatura Botânica. Já agora, estas regras não são aplicadas aos taxa subescíficos de Pinus pinaster «pinheiro-bravo» porque ninguém sabe o que é o P. pinaster var. pinaster (pelo menos até a planta ser tipificada; não sei se entretanto já o foi).
Já vi mais de uma vez a atribuição de autorias a taxa subespecíficos que ficam com o tipo nomenclatural, i.e. a nomes do tipo V. faba var. faba. Convém evitar.

Esta curta história da domesticação da V. faba é um pretexto para publicar uma foto de uma planta extraordinária:


A V. narbonensis é tudo menos abundante em Portugal. Vi-a meia dúzia de vezes, uma delas num olival de um colega, como muito vezes acontece com as espécies deste género, aproveitando a sombra da árvore e a pequena ilha de fertilidade que se cria à sua volta.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. As sementes arqueológicas de Vicia faba var. minor surgem por vezes referidas como Vicia faba var. minuta e mais raramente, como var. celtica nana.

    Tratam-se de designações em desuso?

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  3. João, não segui nem conheço os nomes que referes. Vou tentar encontrá-los. Depois contacto-te por e-mail.

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