Em Portugal são reconhecidas duas espécies de mirtilos espontâneas: Vaccinium myrtillus que ocorre nas serras de Gerês (MI), Trás-os-Montes (TM) e Estrela (BA) e Vaccinium uliginosum restrito à serra da Estrela.
V. uliginosum é considerado uma relíquia glaciária artico-alpina nas montanhas do Centro e Sudoeste da Europa. Neste continente a espécie ocorre nas áreas mais elevadas dos Pirinéus, Cordilheira Cantábrica, Montanhas Leonesas, Sistema Central Ibérico e Serra Nevada.
V. uliginosum caracteriza-se por apresentar ramos de secção circular e folhas inteiras e verde-azuladas, ao passo que V. myrtillus possui ramos de secção quadrangular e folhas finamente recortadas verde brilhantes.
Vaccinium uliginosum (esq.) e V. myrtillus (Ericaceae)
(fotos Alexandre Silva)
Na serra da Estrela conhecem-se dois núcleos de V. uliginosum localizados no andar orotemperado de ombroclima hiper-húmido, isto é a cotas altitudinais superiores aos 1700 m. Um dos núcleos, que ocupa uma superfície que não excederá 1 m2, vegeta sob o zimbral rasteiro de Juniperus communis subsp. alpina, que constitui a comunidade climácica da série climatófila do andar orotemperado desta serra. O segundo núcleo, com apenas 1 indivíduo, cresce entre as fissuras de um afloramento granítico acompanhado também pelo zimbro-rasteiro.
As principais ameaças que recaem sobre a espécie são a herbivoria provocada pelo pastoreio, que não permite que a espécie desenvolva o seu normal ciclo fenológico, as alterações climatéricas e a erosão genética.
Bem-vindo, Alexandre. Excelente e informativo post!
ResponderEliminarExcelente, sem dúvida! É bom ter mais um óptimo colaborador neste blog tão interessante!
ResponderEliminarVery excellent, indeed!
ResponderEliminarGostei muito. Porém, de Portugal... continental ;)
ResponderEliminarPeço desculpa e agradeço a correcção. Como é óbvio de Portugal continental, a Macaronésia apesar de ser outra região biogeografica,também é lusa.
ResponderEliminarSó uma pergunta: existe literalmente apenas uma espécie de V. uliginosum ?
ResponderEliminarSegundo a Flora Ibérica os diferentes níveis de ploidia não parecem correlacionar-se com os carateres morfológicos, pelo que parece, não ser razoável admitir taxa infraespecíficos. No entanto alguém com mais conhecimentos em taxononomia poderá esclarecer melhor a sua dúvida.
ResponderEliminarParabéns pelo belo post.
ResponderEliminarRealmente os Mirtilos são bastante interessantes, quer fazendo parte da nossa flora quer como espécie com um enorme potencial ornamental e até gastronómico.
No entanto, por várias vezes tentei instalar Mirtilos numa Quinta próxima de Vila Real e não tenho tido muito sucesso.
Quais as melhores condições para a instalação de Mirtilos, em pleno sol, meia sombra? Sendo ericaceae presumo que prefiram o solo ligeiramente ácido?
Seria interessante que também explorassem essa vertente na divulgação da nossa flora.
Eu atrás enganei-me e queria evidentemente perguntar se existia literalmente apenas UM INDIVÍDUO da espécie de V. uliginosum...
ResponderEliminarA Quinta da Remolha produz mirtilos em Sever do Vouga, a quinta está aberta para receber pessoas interessadas em visitar as suas plantações, no site há um formulário para marcar visitas.
ResponderEliminarwww.quintadaremolha.com
Vaccinium myrtillus na S. Estrela também é bastante raro! Só conheço uns parcos sobre urzal-zimbral junto à Lagoa Comprida (indicou-me o Rafael Neiva do PNSE). Há em mais algum sítio na Serra?
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