domingo, 3 de outubro de 2010

Tuberaria guttata (Cistaceae)

O ano hidrológico foi inaugurado: começou a chover a meio da noite; está a cair a primeira chuva outonal verdadeiramente efectiva.
As plantas anuais que aguardaram sob a forma de semente por esta oportunidade vão iniciar o seu ciclo biológico. Primeiro germinam as sementes e logo a seguir emergem os cotilédones (nas plantas de germinação epígea) ou as primeiras folhas (nas plantas de germinação hipógea). Dentro de 1 semana - 15 dias as clareiras dos matos baixos, os taludes e as margens de caminhas estarão revestidos por um delgado manto verde, constituído por plantas reduzidas a meia dúzia de folhas conectadas por curtos entre-nós. Nesta frágil aparência suportarão, rentes ao solo, as agruras do Inverno que se aproxima.
Quando os dias crescerem, logo no início da Primavera, os meristemas produzirão mais folhas, entre-nós mais longos e, pouco depois, flores. A dita manta verde tomará cores e formas inauditas, para satisfazer a ânsia dos botânicos estiolados pelo defeso invernal.

A Tuberaria guttata é uma das plantas mais frequentes nos nossos prados oligotróficos (de solos pobres) anuais.


A Tuberaria guttata começou por se chamar Cistus guttatus e depois Helianthemum guttatum. O autor da revisão para a Flora Iberica descobriu um nome genérico anterior a Tuberaria, e a planta passou a ser conhecida por Xolantha guttata. Recentemente, o nome genérico Tuberaria foi fixado pelo Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ver aqui), através da sua inclusão no anexo de Nomina Generica Conservanda et Rejicienda [nomes conservados e rejeitados], i.e., um anexo que recupera nomes de uso muito frequente incorrectos à luz Código.  A prática da Nomina Conservanda evita uma excessiva instabilidade nomenclatural na designação científica das plantas, que ninguém deseja. Conclusão: o bom e velho nome Tuberaria guttata está de volta.

4 comentários:

  1. Excelente foto de uma verdadeira beldade anual!!

    ResponderEliminar
  2. No defeso invernal costuma haver abundância de musgos e líquenes em boa forma (pelo menos nas terras baixas) e assim os botânicos não ficam completamente estiolados!

    ResponderEliminar