sábado, 25 de julho de 2009
Arceuthobium azoricum (Santalaceae)
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Plantas que mentem
As plantas sendo imóveis durante a maior parte do seu ciclo de vida "encontraram" uma solução engenhosa para a trocarem genes entre si: através da oferta de recompensas alimentares cativaram animais (agentes de polinização) para realizar o transporte de pólen de flor em flor. O pólen e o néctar são os tipos de recompensa mais frequentes. Para sinalizarem a presença destes alimentos aos polinizadores as plantas "desenvolveram" sinais visuais (e.g. forma e cor das pétalas), tácteis (e.g. papilas) ou odoríferos (e.g. moléculas análogas às feromonas dos insectos fêmea) O mutualismo planta-polinizador acelerou as taxas evolutivas quer das plantas quer dos animais polinizadores, facto que explica, pelo menos em parte, o sucesso (a abundância) das plantas com flor e de alguns grupos de insectos (e.g. himenópteros).
A oferta de recompensas, i.e. o pagamento do serviço polinização é energeticamente muito caro. A edificação de nectários e estames, e o fabrico de néctar e pólen implicam produzir menos folhas, menos caules e menos raizes. Crescer menos arrasta o enorme risco de ser menos competitivo do que o vizinho do lado, um inimigo que combate, sem tréguas, por espaço e recursos. As plantas enfrentam um problema análogo ao nosso quando entramos num supermercado: gastar todo o dinheiro em peixe rico em omega 3 implica não ter batatas para engrossar a sopa ou pão para o pequeno-almoço. A polinização cruzada tem, portanto, um enorme custo de oportunidade evolutivo.
O elevado custo das recompensas incrementa a probabilidade do sucesso de soluções alternativas ao mutualismo planta-polinizador. A autogamia - por exemplo através do desenvolvimento de flores cleistogâmicas (que se fecundam a si próprias antes de abrirem ao exterior) - é uma solução frequente. Outra hipótese é optar por vectores físicos de polinização como o vento (novamente com enormes custos energéticos). Porém, melhor, melhor, é findo o serviço de polinização não pagar a conta. Por outra palavras: mentir aos polinizadores.
A polinização fundada na mentira é conhecida por polinização por engano. Os botânicos reconhecem dois tipos de polinização por engano:
· Polinização por engano sexual (“sexual deceit”) – as flores mimetizam as feromonas sexuais e/ou os sinais visuais e tácteis de insectos fêmeas; os insectos machos são usados como veículo de pólen quando visitam e tentam copular (pseudocópula), por engano, com a flor; sistema muito conhecido das orquídeas;
· Polinização por engano alimentar (“food deceit”) – as flores assinalam a presença de recompensas alimentares inexistentes; as espécies que seguem esta estratégia imitam a forma e os odores de espécies que oferecem recompensas.
A Plumeria rubra (Apocynaceae), uma árvore centro-americana, não oferece recompensas às borboletas nocturnas polinizadoras, engana-as mimetizando o odor e a forma de outras espécies falaenófilas com recompensas [foto C. Aguiar, tirada nos belíssimos jardins de Goiânia, Goiás]
A mentira está generalizada na Natureza; compensa até ao momento que as vítimas aprendem a distinguir os impostores dos ingénuos que nunca enveredaram pelos caminhos do embuste. As relações mutualistas - por definição relações entre indivíduos de diferentes espécies com ganhos de parte a parte - geram tensões evolutivas que podem ser quebradas a qualquer momento. Mas a estratégia de polinização com vectores animais sem sexo nem comida também tem os seus riscos. Por alguma razão os caloteiros são menos frequentes do que os cumpridores da ordem estabelecida.
P.S. Robert Trivers oferece-nos uma fabulosa introdução a uma historia natural da mentira aqui
terça-feira, 21 de julho de 2009
Plantas primitivas
Esta planta fui-a encontrando de vez em quando. Vi a primeira numa exposição permanente do Museu, Laboratório e Jardim Botânico de Lisboa, num pavilhão que reconstroi o ambiente vegetal do Secundário, de forma agradavelmente ingénua e com objectivos didácticos (bem haja a quem montou a exposição, certamente já há vários anos e lá pôs o Psilotum nudum!). Talvez ainda lá esteja, com os seus dinossaurios pintados na parede...
Depois, no campo, vi-a em Moçambique numas rochas riolíticas junto á conhecida cascata da Namacha, assim que pús os pés fora do carro (houve uma telenovela que tinha muitas cenas nesta cascata). O encontro mais curioso foi num vaso no campus da Universidade da Madeira e ninguém fazia a mínima ideia de como lá foi parar.
Depois fui-a vendo em jardins botânicos, não é assim tão difícil de encontrar. A figura 2 é uma foto tirada no Jardim Botânico de Leiden, há 15 dias.
Gosto tanto desta planta.
domingo, 19 de julho de 2009
DOIS JARDINS
Figura 1. Frontispício do horto botânico de Carolus Clusius em Leiden, na Holanda (J. Capelo, 2009).
O Jardim Botânico de Leiden, nos Países Baixos, para além de numerosas colecções de plantas e da actividade de investigação que suporta, tem duas secções que representam dois extremos, certamente significativos, na história da Sistemática das plantas superiores. Um deles é uma reconstituição in situ do horto botânico de Charles de l'Écluse (1526-1609), ou Carolus Clusius na forma de epítome latino. Terá sido, com intenções conscientemente científicas, um dos primeiros, senão o primeiro jardim botânico do Mundo (figura 1).
Sobre a grande importância deste botânico flamengo quinhentista não direi mais, pois justificaria mais que um simples post. Podem os leitores do blogue ver aqui um resumo biográfico. Diga-se apenas, que uma das obras que lhe grangeou fama foi Aromatum et simplicium aliquot medicamentorum apud indos nascentium historia de 1566. Trata-se, nada menos, que uma tradução para latim dos 'Colóquios' (*) de Garcia de Orta, publicado em Goa em 1563, um dos primeiros tratados científicos de botânica acerca de flora não-europeia.
No outro extremo, está a secção do jardim dedicada à Evolução através de um conjunto de canteiros organizado de acordo com o APGII (Angiosperm Phylogeny Group), que como se sabe, constitui a mais consensual e actualizada categorização filogenética das famílias de angiospérmicas. O sistema de classificação APG II representa a síntese do maior número de dados taxonómicos, incluindo marcadores moleculares, alguma vez conseguida (figura2). O artigo do APG II System está aqui, para os leitores mais interessados.
O mais interessante, é que os canteiros representando as ordens estão devidamente acompanhados por paineis explicativos onde a posição na árvore filogenética global é salientada e os aspectos gerais do grupo são resumidos (figura 3).
Ainda procurei a Amborella trichopoda, tida como a angiospérmica viva mais primitiva: aquela mais próxima da 'raiz' da árvore filogenética... mas não estava lá.
(*) Cujo nome completo é: Colóquios dos simples e drogas he cousas medicinais da Índia e assi dalgũas frutas achadas nella onde se tratam algũas cousas tocantes a medicina, pratica, e outras cousas boas pera saber.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Serra de Montesinho vrs. Serra de Nogueira III
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Serra de Montesinho vrs. Serra de Nogueira II
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Serra de Montesinho vrs. Serra de Nogueira I
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Os Trifolium repens (Fabaceae) nordestinos
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Polinização em Ficus carica (Moraceae)
A domesticação da F. carica logo no início do Holocénico (um destes dias escreverei sobre o assunto), resultou em dois grupos de plantas seguindo dois modelos distintos de biologia da reprodução. As plantas selvagens de F. carica, como referi, produzem flores ♀ e ♂ e reproduzem-se sexuadamente. As inflorescências das «figueiras-domésticas» (os síconos), pelo contrário, são unissexuais e, hoje em dia, maioritariamente partenocárpicas (os frutos formam-se a partir de flores não polinizadas). As variedades não partenocárpicas, os «figos-de-esmirna», são pouco cultivados, entre outra razões porque precisam de caprifigos da vizinhança para fornecerem pólen e polinizadores.
As flores ♀ das «figueiras-domésticas» têm estiletes longo. Por conseguinte, potencialmente, todas elas poderão evoluir para fruto porque o ovipositor da B. psenes é demasiado curto para atingir o ovário de flores de estiletes longos a partir do estigma. Os síconos dos «caprifigos» não são edíveis porque a maioria das flores ♀ é parasitadas pela B. psenes; i.e. “produzem” mais vespas do que frutos.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Musschia isambertoi (Campanulaceae)
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Vaccinium padifolium & V. cylindraceum (Ericaceae)
sábado, 4 de julho de 2009
Ranunculus bupleuroides (Ranunculaceae)
Uma foto de R. bupleuroides um quase-endemismo (está citado para o sul da Galiza) do NW de Portugal, descrito em 1804 por Felix Avellar Brotero na sua Flora Lusitanica.