sexta-feira, 10 de julho de 2009

Os Trifolium repens (Fabaceae) nordestinos

O T. repens «trevo-branco» é muito frequente em prados temperados ou em prados mediterrânicos de solos de baixa, húmidos e meso-eutróficos (com algumas bases e fósforo). A sua identificação é muito fácil: plantas perenes enraizantes nos nós; folhas com três folíolos (como todos os trevos) glabros (sem pêlos); flores brancas, as polinizadas inflectidas em direcção ao solo. A sua presença é sempre bem-vinda porque os trevos incrementam o teor em proteína do pasto e, consequentemente, as taxas de crescimento e a condição corporal dos animais que o consomem.
No NE de Portugal ocorrem dois ecótipos de trevo-branco morfologicamente e ecologicamente muito distintos.
Os ecótipos de terras húmidas e fundas têm folhas grandes, totalmente glabras e flores brancas. Acompanham estas plantas as plantas características dos prados perenes de influência eurossiberiana, i.e. dos lameiros.


Nos prados de solos mais secos e compactados, intensamente pastoreados, em ambientes de montanha com uma estação seca relativamente longa, observam-se plantas, muito semelhantes ao T. repens var. nevadense, de folhas mais pequenas e escuras, com pecíolos peludos, pêlos estes por vezes estendendo-se à base da nervura média dos folíolos, e flores rosadas. Estas plantas geralmente estão acompanhas, entre outras plantas, por Poa bulbosa (Poaceae), T. subterraneum (Fabaceae) e T. micranthum (Fabaceae).


O comportamento dos T. repens das misturas comerciais de sementes nas áreas mediterrânicas é muito irregular, quando não desastrosa. Valia a pena multiplicar estes trevos-brancos adaptados a solos secos e compactados e oferecê-los à lavoura.
Temos literalmente à mão de semear, ecótipos autóctones de trevo-branco de elevado potencial agronómico para seleccionar, multiplicar e introduzir nas misturas comerciais de sementes. Por que razão importá-los da Austrália???

8 comentários:

  1. Se me disseres onde consigo arranjar semente desta variedade adaptada aos solos mais secos, trato já de a propagar por aqui...

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  2. Genuínas plântulas de sabedoria brotam sempre neste precioso blog!!

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  3. Caro Pequete, estes trevos, por exemplo, são fáceis de encontrar nos baldios situados à entrada das aldeias do planalto de Miranda. Não precisas de perguntar a ninguém onde estão estas terras. Basta procurar um terreno de grande dimensão, pastados por todo o tipo de herbívoros domésticos e com balizas de futebol. A história secular de pastoreio destes espaços produziu terrenos quase planos, óptimos para jogar uma peladinha.
    No entender de muita gente as pastagens semeadas ricas em leguminosas terão um importante papel nos sistemas de agricultura do futuro. Para tal precisamos de bons genótipos e de quem os estude, multiplique e distribua. Olha, está na altura de colheres as sementes.

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  4. Caro anónimo. Obrigado pelo metáforas ... mas não exageremos ;-)

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  5. Obrigada, Carlos. Por acaso nos últimos dias tenho andado a recolher sementes de trevo... só que dos errados!
    Ana.

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  6. Caro Carlos

    Não é fácil exagerar nos elogios a este blog... de facto em TM há belos prados ricos em Leguminosas que quase nos dão vontade de pastar!!

    ZG

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  7. olha, quem sabe uma BII pelo CIMO ou um projecto na ESA (Escola Superior Agrária de Bragança)- Selecção de leguminosas autoctones com elevado interesse agrário/ambiental/grastronomico/...
    Poderia até evoluir (juntamente com o herbário ja existente) para um verdadeiro repositório de sementes

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  8. ola boa tarde tenho um terreno e gostava que ficasse com um manto de erva natural mais ou menos deste tipo onde posso comprar ?

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