A descoberta e a descrição do A. lopesianum têm uma história interessante.
Esta espécie foi colectada pela primeira vez por Manuel Ferreira, um colector do Jardim botânico de Coimbra, enviado pelo Professor Julio Henriques às serranias nordestinas, nos longínquos anos de 1877 e 1879. Mais tarde, em 1956, Werner Rothmaler, um botânico alemão refugiado em Portugal durante a II Guerra, descreve-o e dedica-o ao Padre Miranda Lopes, um amador de botânica, pároco em Vimioso.
O Padre Miranda Lopes é um dos personagens menos conhecidos da botânica portuguesa. Vale a pena ler as suas "aventuras" botânicas dispersas nos fascículos do Boletim da Sociedade Broteriana entre 1926 e 1933. Digo aventuras porque, bem ao estilo da época, o Padre Miranda Lopes descreve as suas observações botânicas, ao mesmo tempo que louva a paisagem transmontana com descrições gongóricas cheias de cor, refere os perigos dos caminhos e agradece a paciência e a boa companhia do seu fiel cavalo, companheiro de tantas aventuras. Uma pequena curiosidade. O Padre Miranda Lopes enviava as plantas que colhia ao Prof. Pereira Coutinho. Em determinada altura, não sei o motivo, o Prof. Gonçalo passou a receber e a identificar as plantas do Padre Miranda Lopes. Parece, assim me disse o Prof. Jorge Paiva, que esta terá sido uma das causas da conhecida desenvença que dividia os dois mais importantes botânicos portugueses da primeira metade do séc. XX.
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