segunda-feira, 6 de abril de 2009

Asplenium septentrionale (Aspleniaceae)

O A. septentrionale é um pequeno feto, embora à primeira vista não o pareça, rupícola silicícola (i.e. de afloramentos de rochas ácidas).
O A. septentrionale é um forte candidato ao título de feto mais raro de Portugal Continental. Embora tenha uma área de distribuição muito lata (a área de distribuição prolonga-se pela Ásia e atinge a América do Norte), no Continente, só é conhecido da Serra da Estrela e de algumas das elevações que envolvem a cidade de Bragança. Está também citado para a Ilha da Madeira.
Esta espécie é um bom pretexto para alertar para o risco que representam os estudos de impacte ambiental de parques eólicos "por correspondência". A selecção dos locais onde se implantam as torres e os respectivos acessos deve ser antecedida de uma cartografia minuciosa da flora. Com um pouco de cuidado facilmente se pode evitar a destruição de uma população de A. septentrionale, de Murbeckiella sousae, de Festuca summilusitana, ou de qualquer outra planta rara adaptada a habitats rochosos.

Asplenium septentrionale (Aspleniaceae) [foto C. Aguiar]

2 comentários:

  1. Tive oportunidade de trabalhar num destes "estudos por correspondência" e posso dizer que fiquei com a nítida sensação que a flora importa muito pouco quer a quem encomenda o estudo, quer a quem dá o parecer sobre o estudo.
    A verdade é que vi localizações a serem postas em dúvida, ou mesmo alteradas por motivos arqueológicos, por proximidade a habitações, por motivos de acessibilidades, mas nunca por motivos de conservação de valores de flora.

    AC

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  2. Concordo plenamente com a atribuição do título de um dos fetos mais raros de Portugal continental. Só o conheço da serra da Estrela e apenas em 3 localizações, sempre de carácter fissurícula e densidade muito baixa. Outro sério candidato seria o Lycopodium clavatum, penso que restrito em Portugal continental também à serra da Estrela, onde o conheço apenas numa localização com área bastante reduzida, menos de 2 metros quadrados, e seriamente ameaçado por um caminho de pé posto que potencia as condições de xericidade e pisoteio por desconhecimento de tal relíquia botânica de tempos mais frios.

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