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Antirrhinum lopesianum é um endemismo ibérico exclusivo de Trás-os-Montes, com duas populações documentadas no lado espanhol das arribas do rio Douro internacional. A morfologia desta espécie é única. As folhas estão revestidas por longos pêlos brancos, um tanto viscosos. Os ramos são muito frágeis, partem-se com maior facilidade, e dispõem-se num complexo emaranhado aderente à rocha. Visto de longe o
A. lopesianum parece uma aranha gigante. As flores são em tudo semelhantes às conhecidas «boca-de-lobo» (
Antirrhinum majus): flores grandes, vistosas, sem esporão, com um palato a fechar a entrada no tubo da corola.
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A. lopesianum tem uma ecologia é extraordinária! Coloniza fendas de rochas xistosas onde ressumam águas ricas em carbonatos e, frequentemente, se formam pequenas crostas calcáreas. Sendo o Nordeste de Portugal um território largamente dominado por rochas ácidas, com umas nesgas calcárias (e.g. Minas de Santo Adrião, Vimioso), tem, ainda assim, um endemismo calcícola!
Antirrhinum lopesianum (Plantaginaceae) [foto C. Aguiar]
A. lopesianum é de facto um endemismo extraordinário. Extraordinário é que exista de todo uma planta que tenha evoluído para ocupar um nicho ecológico tão improvável que é uma gota de água num 'mar de silicatos, como dizes. Um exemplo da ´luta´da Vida contra a sua própria improbilidade...
ResponderEliminarÉ sem dúvida uma planta extraordinária. Espero ter a oportunidade de a ver em breve, mas o Nordeste é tão longe..
ResponderEliminarAproveito para pedir a vossa opinão acerca do Antirrhinum que ocorre nos calcários barrocal algarvio. Tenho visto várias denominações: A. onubensis, A. barrelieri. Na flora ibérica referem o A. graniticum para o Algarve, sem referir outras espécies. Será que se referem a este Antirrhinum do barrocal? Qual a vossa opinião?
Cumprimentos
AC
Não é uma escrofulariácea??
ResponderEliminarCreio que foi o Engº Rodrigo Paiva Ferreira que um destes dias me fez um ponto da situação dos Antirrhinum algarvios. Não anotei e confesso que me esqueci. Vou tentar recuperar o que o Rodrigo me disse.
ResponderEliminarTodas as Floras de referência colocam o género Antirrhinum nas escrofulariáceas. Desde há muito que se sabe que esta família não é natural, i.e., que reúne plantas com diferentes história evolutivas, sem uma ancestralidade comum. Desde o final dos anos 90 esta família tem estado sob um cerrado "ataque" por parte dos filogenistas moleculares. Embora tenham ocorrido desenvolvimentos um ponto da situação mais ou menos actual pode ser encontrado na última versão do APG II http://w3.ufsm.br/herb/An%20update%20of%20the%20Angiosperm%20Phylogeny%20Group.pdf. Creio que hoje sobram apenas três géneros de escrophulariáceas em Portugal: Scrophularia, Veronica e Verbascum. Os restantes foram transferidos para as famílias Orobanchaceae e Plantaginaceae. Assim sucedeu com Antirrhinum.
ResponderEliminarNo Barrocal do Algarve, deverá ser Antirrhinum onubensis.
ResponderEliminarObrigado.
ResponderEliminarLindo, lindo, lindo (e raro)!!!
ResponderEliminarHola Carlos. Mi nombre es Isabel y estoy interesada en localizar alguna población de esta especie en Vimioso. ¿podrías decirme si tomastes esta foto en las minas de Santo Andrião? ¿si no es así, podrías decirme dónde localizar o darme las coordenadas de esta población?
ResponderEliminarGracias.