segunda-feira, 6 de julho de 2009

Vaccinium padifolium & V. cylindraceum (Ericaceae)

Vaccinium cylindraceum, planta açoreana (foto: J.Capelo, 2003; clique para aumentar)

Vaccinium padifolium, planta madeirense (foto: J. Capelo, 2006; clique para aumentar)

Vaccinium padifolium Sm. é um arbusto da família das ericáceas, frequente nos urzais de Erica platycodon subsp. maderincola, até aos 1500 m.s.m. na Ilha da Madeira. Vaccinium cylindraceum Sm. é do arquipélago dos Açores, de urzais de Erica azorica. Foram ambos descritos por James Edward Smith (1759-1828). O primeiro tem a corola campanulada e o segundo a corola tubulosa. Ambos servem para fazer doces e geleias ou para ser comido crú, como o seu congénere continental, o mirtilo: V. myrtillus L. Os três são plantas com antepassados paleo-temperados arto-terciários (circumpolar). Mesmo na Madeira não é tudo sub-tropical thetysiano. Outros exemplos são: Sorbus maderensis na Madeira e Juniperus cedrus nos Açores!

4 comentários:

  1. Estranho é o facto de ambas as espécies pertencerem a uma secção - secção Hemimyrtillus - com representantes concentrados no Cáucaso e no Japão & Coreias (Vander Kloet & Dinkinson, Bot. Mag. Tokyo 105: 601-614, 1992). Partindo do princípio que esta secção é um grupo natural sobra a questão: como chegaram estes Myrtillus à Madeira e aos Açores? Um bom tema para os especialistas em filogeografia explorarem.
    Outro aspecto curioso: o V. padifolium é a única espécie perenifólia da secção. A floresta sempreverde laurifólia aparentemente é pouco propícia à caducifolia; aqui está uma belíssima "pescadinha de rabo na boca" :-)

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  2. O mais curioso é que as análises de DNA que tenho visto, coloocam os vaccinia europeus e das ilhas atlânticas mais próximos de Arctostaphyllos do que dos dos americanos e do SE asiático. É certamente um género polifilético e nesse caso a resposta a essa questão passa talvez de desadequação do modelo taxonómico.
    Abraço.
    JC.

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  3. Olá, quanto ao valor dos vaccinia para doces e geleias não resisto a citar uma frase do Prof. Azevedo Gomes (pai), que retirei de outro blogue:

    "(...) Não, meus caros leitores, não ha só isso a considerar nas árvores; não ha só que vêr o que elas produzem e que calcular o valor dos seus produtos; ha ainda, por assim dizer, que gostar delas, pelo confôrto, pela alegria, pelo prazer de dentro a alma que nos dão quando são belas, e as topamos, às vezes tristes, às vezes cansados, no nosso caminho."

    Os doces devem ser bons, mas uma sebe de V. cylindraceum florido é bem melhor... É pena que ainda sejam tão pouco usados no paisagismo insular - isso ajudaria muito à sua conservação.

    (Já agora, qual seria a sua adaptabilidade também no Continente, sobretudo no Noroeste?)

    Abraço, JPinho

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  4. Faz falta em Portugal a classe Vaccinio-Piceetea Br.-Bl. in Br.-Bl., Sissingh & Vlieger 1939, de "Eurosiberian thermo- to supra boreal and orotemperate oceanic and subcontinental subhumid to ultrahyperhumid climactic coniferous forests and related permanent or seral scrub or heath communities, growing on nutrient-poor acid soils (...)", como dizem os Mestres! http://www.ucm.es/info/cif/book/addenda/addenda2_05.htm

    zg

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