segunda-feira, 4 de maio de 2009

Betula celtiberica (Betulaceae)

Duas fotografias das estruturas reprodutivas de Betula celtiberica tiradas no ano passado, por esta altura, na região de Bragança.

Betula celtiberica «bidoeiro». N.b. amentos masculinos (pêndulos), amentos femininos (erectos) e infrutescências formadas a partir dos amentos femininos do ano anterior (pêndulas e de cor escura) [foto C. Aguiar]

Betula celtiberica «bidoeiro». N.b. amento feminino e infrutescência preste a desfazer-se e a libertar as sementes [foto C. Aguiar]


B. celtiberica apesar de ter uma área de ocupação escassa em Portugal continental é parte integrante de pelo menos 4 tipos de bosques de óptimo supratemperado. Entre estes bosques os mais interessantes serão talvez os bidoais ripícolas temperados. Quando subirem as montanhas mais altas do Norte e centro do País reparem que a entrada no andar supratemperado, por volta dos 800-1000 altitude, é marcada pela substituição do amieiro e do freixo pelo bidoeiro nas margens das linhas de água permanente.
W. Rothmaler, num curioso artigo de 1941, defendeu que os nomes vulgares  “vido” e “vidoeiro” não devem ser usados porque são uma invenção lisboeta ! A B. celtiberica, em vernáculo, chama-se «bidoeiro»! Alguns florestais adoptaram, recentemente, o nome vulgar "noiva-da-floresta", diga-se, de gosto bastante duvidoso.

7 comentários:

  1. E razão tinha Rothmaler quanto à grafia e pronúncia! O sistema consonântico do Português arcaico (tal o como o Castelhano contemporâneo) não fazia uso do som "v" fricativo labiodental, mesmo que tal letra fosse usada na grafia; em seu lugar utilizava-se a plosiva bilabial "b" que se escuta pelo Nordeste Português — vaca pronunciava-se "baca", Victor pronunciava-se "Bictor", &c. A "pronúncia do Norte" assemelha-se hoje mais à pronúncia original Galaico-Portuguesa do que a pronúncia de Lisboa.

    Quando a capital do Reino se transferiu para Lisboa, o som original da letra v, a tal consoante fricativa labiodental, foi recuperado para o idioma Português graças à influência das populações moçárabes de Lisboa, que a haviam conservado. À medida que a pronúncia moçárabe de Lisboa, com os seus V fricativos bem acentuados, foi sendo assimilada pela aristocracia urbana, o uso fricativo do V passou a ser socialmente prestigiante; tão prestigiante, de facto, que os fidalgos e os burgueses começaram a ser hipercorrectos: não só só recuperaram a pronúncia V onde a grafia etimológica assinalava a consoante (por exemplo: voar, de "volare"), como no afã de se distanciarem da pronúncia provinciana começaram a transformar em V os antigos B etimológicos: foi assim que passámos a ter árvore em lugar de árbore, erva em lugar de herba, livro em lugar de libro, cavalo em lugar de cabalo, e Vidoeiro em lugar de Bidoeiro (sendo este último uma evolução fonética espontânea, nada "snob", de Betula, tendo-se dado a habitual conversão de t em d).

    É curioso comparar as evoluções do Português e do Castelhano quanto à pronúncia do V. A mudança da capital portuguesa desde Coimbra para Lisboa, cruzando a isoglossa B/V que corre por um paralelo a norte de Pombal, prestigiou politicamente a pronúncia do "V". A mudança da capital castelhana de Valladolid para Madrid não deixou o espaço da pronúncia exclusiva do B, já que a isoglossa B/V passa a Sul desta última cidade. Como resultado, o sotaque politicamente prestigioso pronuncia todos os V como B; pronunciar fricativamente o V, como fazem os lisboetas e os andaluzes, é sinal de provincianismo em Castela.

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    1. Caro Pedro, "caí" aqui hoje (12 anos depois desta sua escrita, a propósito de uma brincadeira num site. E não é que vim aprender que farta?! Grande abraço.

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  2. Obrigado, Pedro. Comentário rico, como sempre.

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  3. As bétulas têm outro interesse acrescido para mim: os cogumelos. Nas montanhas onde existem manchas de bétulas, é comum haver outras folhosas e coníferas. Debaixo delas, no final do Verão começam a aparecer um sem fim de cogumelos silvestres deliciosos, como leccinuns, boletos, russulas ou cantarelos. Surgem ainda outros exemplares, muito interessantes e alguns tóxicos (até dos mesmos géneros que referi), como amanitas por exemplo. Logo, há que ter sempre cuidado com as identificações e colheitas para fins gastronómicos.
    Nas bétulas fracas, nos seus cepos ou madeira caída, nasce ainda um cogumelo muito curioso, o Piptoporus betulinis, ou políporo do bidoeiro. Acho que ocorre só nesta árvore. Parece uma ameijoa gigante e tem utilizações terapêuticas.

    Até breve!

    Manel

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  4. Só mais uma coisa. Os bidoeiros são incrivelmente fotogénicos, durante as quatro estações. No inverno o seu ar tranquilo e austero, sem folhagem, evidenciando a beleza daquela casca em tons brancos e prateados. Na primavera exibem um verde fresco cheio de vida. Pelo verão o verde escurece, mas não há nada melhor do que descansar debaixo da sua sombra fresca que filtra a luz intensa e onde se ouve a brisa nas suas copas. No outono é uma celebração em tons dourados.

    Tenho imagens de cogumelos e bidoeiros no meu blogue aromâncias (etiquetas cogumelos e árvores).

    Até breve!

    Manel

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  5. acho que devia ter tudo para por exemplo apresentaer um trabalho
    nada nada

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  6. deixem-se de conices , bétula é suficiente em português (portugueses complicados-nomes estúpidos)

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