Numa exposição dedicada a Albrecht [Alberto] Dürer, organizada pelo Museu do Prado em 2005, com base no acervo do Museu Albertina de Viena de Austria, tive a rara oportunidade de fruir uma das mais espantosas pinturas naturalistas de toda a história da arte: o "Das grosse Rasenstück".
Bragança é mais perto de Madrid do que de Lisboa, o que tem as suas vantagens!
Imagem extraída daqui.
A tradução (via inglês) para português deste título, corrija-me quem sabe, poderá ser: "O grande tufo de erva" ou, com um pouco mais de liberdade, porque não, "O grande pedaço de arrelvado". O termo arrelvado é muito rico; foi usado pelo Prof. Amaral Franco na sua Nova Flora de Portugal para designar, de forma genérica, comunidades herbáceas, pratenses ou não.
As plantas do "Das grosse Rasenstück" estão identificadas ao pormenor: Achillea millefolium (Asteraceae), Agrostis stolonifera (Poaceae), Bellis perennis (Asteraceae), Cynoglossum officinale (Boraginaceae), Dactylis glomerata (Poaceae), Plantago major (Plantaginaceae), Poa pratensis (Poaceae), Taraxacum officinale (Asteraceae) e Veronica chamaedrys (Plantaginaceae).
Entre estas espécies são particularmente evidentes as seguintes (todas elas indígenas de Portugal Continental):
Taraxacum officinale (Asteraceae). N.b. brácteas involucrais reflexas (dobradas para trás), como é característico deste Taraxacum
A entrada da Wikipedia refere que o "Das grosse Rasenstück" retrata um grupo aleatório de plantas. Muito pelo contrário! Dürer pintou, com precisão, uma comunidade pratense de solos eutróficos que os fitossociólogos actuais não teriam dificuldade em classificar. Dürer era, certamente, um grande naturalista.
[fotos C. Aguiar]
Mais um belo "post", Carlos, e este fala-me particularmente ao coração, pois alia a ilustração/pintura à botânica. Esta pintura do Dürer poderia mesmo ser vista como uma precursora da moderna "wildlife art".
ResponderEliminarUma excelente natureza viva!!!
ResponderEliminarzg
"Das grosse Rasenstück"
ResponderEliminar«A tradução (via inglês) para português deste título, corrija-me quem sabe, poderá ser: "O grande tufo de erva" »
Genau!!
zg
Este ano, em Haia, descobri as naturezas-mortas de Adriaen Coorte (1660-1707). Fantásticas pelo detalhe, mas sobretudo pelo minimalismo. Não terá a graça fitocenótica do Durer...
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