O número de caracteres com interesse taxonómico em Rubus «silvas» é elevado, muitos deles são quantitativos (e.g. número de pêlos por cm de caule e densidade de acúleos), e, no campo, parecem variar de forma quase aleatória. Por outras palavras, as correlações de caracteres em Rubus são muito instáveis sendo difícil encontrar tipos morfológicos (espacialmente e temporalmente) consistentes. A nomenclatura lineana é pouco apropriada para estes casos. Não admira, por isso, que os Rubus sejam um dos "terrores" da florística e da taxonomia botânica; Rubus crux botanicorum [os Rubus são a cruz dos botânicos].
A causa maior das dificuldades da taxonomia de Rubus reside no seu sistema de reprodução. Em condições naturais são frequentes, neste género, a multiplicação vegetativa (e.g. por mergulhia) e a reprodução vegetativa por sementes apomíticas, cujo embrião se forma a partir de uma oosfera não fecundada alojada num saco embrionário não reduzido (2n cromossomas). Quer isto dizer que a maior parte das sementes disseminadas no interior das amoras das silvas contém a mesma informação genética das plantas maternais.
Pontualmente, formam-se sementes sexuais que dão, geralmente, origem a indivíduos de morfologia muito distinta dos indivíduos parentais. A explicação para este fenómeno é complexa. Em primeiro lugar os Rubus hibridam facilmente entre si (barreiras interespecíficas fracas). Depois, os Rubus são geralmente alogâmicos e muito heterozigóticos (como as pereiras ou as macieiras, por isso uma semente de macieira 'Golden' pode originar plantas com frutos vermelhos). Finalmente, os Rubus são morfologicamente muito plásticos; por exemplo a exposição à luz e a disponibilidade de água do solo alteram significativamente a sua forma (e.g. as plantas expostas ao sol são mais avermelhadas e de folíolos mas espessos e enrugados).
Consequentemente, quem quiser colectar Rubus deve fazer saídas de campo apenas com esse objecto e deve estar preparado para não consegui identificar mais de 50 % dos exemplares herborizados!!!
Os Rubus são difíceis, é certo. Ainda assim é possível identificar tipos morfológicos consistentes que carregam em si imensa informação ecológica (o assunto fica adiado para outro post)!
Aqui vai um dos Rubus mais fáceis de identificar: o Rubus lainzii, um endemismo do NW peninsular, em Portugal apenas conhecido de Trás-os-Montes. Para o observar há que visitar os imensos bosques de Q. pyrenaica de umas das mais fabulosas serras de Portugal: a Serra de Nogueira.
Rubus lainzii (Rosaceae) [foto C. Aguiar]. Espécie de orla de bosque ou de margens de caminhos em ambiente florestal, caracterizada pela presença de folíolos inferiores sésseis e imbricados e pétalas brancas, orbiculares e enrugadas. N.b. estames infinitos, livres, e gineceu apocárpico (de carpelos livres)
Nuk ka asgjë si Rubus!
ResponderEliminarキイチゴ属属最高です!
ResponderEliminarDiese Gattung ist der beste!
ResponderEliminarSerra fabulosa, sem dúvida!!
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