sábado, 6 de junho de 2009

Alyssum serpillifolium subsp. lusitanicum (Brassicaceae) II

O A. serpillifolium subsp. lusitanicum tem uma característica fisiológica muito curiosa: hiperacumula níquel (Ni). Este metal pesado pode ultrapassar a concentração de 35 g Ni/kg matéria seca, i.e. representar mais de 3,5 % do peso seco desta planta.

Qualquer planta suporta uma comunidade de herbívoros que vivem à sua custa. Está provado que o Ni entra nas cadeias tróficas através dos herbívoros que consomem Alyssum. Bem perto de minha casa, no termo de Samil, os gafanhotos que pastam Alyssum revelaram teores elevados de Ni: estão naturalmente contaminados com metais pesados!


Existem várias explicações para a hiperacumulação de Ni (e de outros metais pesados) nos tecidos das plantas, todas elas partindo do princípio que acumulação de grandes quantidades de Ni é adaptativa, i.e. que aumenta o sucesso reprodutivo dos seus portadores. As hipóteses mais plausíveis são: 1) a defesa contra herbívoros e microorganismos patogénicos (hipótese da defesa); 2) enriquecimento superficial do solo em Ni de modo a conter potenciais plantas competidoras (hipótese da alelopatia).
A hiperacumulação de Ni (por convenção plantas com mais de 1 g Ni/kg peso seco) está comprovada em mais de 320 espécies de plantas vasculares, a maioria delas pertencentes às famílias Euphorbiaceae, Flacourtiaceae (família hoje em dia incluida nas Salicaceae), Sapotaceae, Violaceae, Buxaceae e Brassicaceae.
Na Europa as plantas hiperacumuladoras de Ni são todas Brassicáceas, pertencentes a dois géneros: Alyssum e Thlaspi. Estão descritos perto de 50 microendemismos no género Alyssum que hiperacumulam Ni, dois deles na Península Ibérica: o A. serpillifolium subsp. lusitanicum, no NE de Portugal e Galiza, e o A. malacitanum, no SE da Andaluzia.

2 comentários:

  1. É o que se chama gostar de Ni!!

    zg

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  2. Ainda bem q não acumulam Au - seria perigoso para a sobrevivência da espécie...

    zg

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