terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O fogo e a paisagem

Num post anterior falei da relação entre as montanhas e o fogo e comentei o paradoxo de apesar das plantas dos matos mediterrânicos terem desenvolvido funcionalidades que as ajudam a propagar os incêndios, esse factor não aumenta a frequência dos mesmos. A técnica da queimada não tem as mesmas vantagens nestas áreas e por isso não é usada para renovar pastos. Queimar os matos significa queimar também as pequenas árvores que lá se encontram no meio, e em épocas mais antigas isso significava abdicar de um bem precioso, o combustível. Esse conhecimento foi obtido da pior maneira, através de séculos e séculos de más práticas, muitas vezes fomentadas pelos governantes, numa tentativa de “domesticar” este território e que levaram ao desenvolvimento do “slash-and-burn” na Península Ibérica. E essa domesticação teve como consequência a diminuição do fundo de fertilidade dos solos e o desaparecimento da maioria das florestas contínuas. Contudo, a lenta morte anunciada do pastoreio extensivo e o abandono agrícola do interior podem trazer a maior mudança paisagística sofrida na Península Ibérica dos últimos 500 anos. A questão é saber se essa mudança é positiva ou se vai levar a alterações em termos de uso de solo com consequências bem piores.

1 comentário:

  1. "a maior mudança paisagística sofrida na Península Ibérica dos últimos 500 anos" é algo de muito interessante! Só é pena o futuro ser tão incerto...

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