segunda-feira, 22 de março de 2010

Scrophularia sublyrata (Scrophulariaceae)

Vi esta planta pela segunda vez na semana passada:

Scrophularia sublyrata (Scrophulariaceae). N.b. folhas glabras (sem pelos) e sectas (profundamente recortadas, até à nervura média)

Scrophularia sublyrata (Scrophulariaceae) N.b. A corola das Scrophularia tem dois lábios: no superior evidenciam-se os segmentos de duas pétalas, e no inferior de três; na fauce (entrada) da corola, além das anteras de quatro estames (carregadas de pólen amarelo), observa-se uma espécie de dente, interpretado como sendo um estaminódio (estame estéril), cuja função, se é que a tem, desconheço.

Este endemismo ibérico descrito por Avelar Brotero para as redondezas de Setúbal, surge, muito pontualmente, em plataformas rochosas, ou no sopé de "boulders" ou afloramentos graníticos, revestidos com solos ricos em detritos orgânicos, geralmente localizados na vizinhança de bosques perenifólios. A S. sublyrata é umas daquelas plantas que embora rara (pelo menos aqui no NE), tem uma razoável área de ocupação (vd. tipos de raridade de Deborah Rabinowitz aqui).

8 comentários:

  1. Bela planta dos matos halo-sub-nitrófilos litorais de Suaeda vera... :-)

    ResponderEliminar
  2. É com efeito uma planta espectacular. E, não tivesses chamado a atenção com este post, continuaria na minha ignorância de pensar que era uma planta típica das arribas marítimas nitrofilizadas; nunca me tinha questionado sobre a sua ecologia!! Com efeito, é onde a vejo em grande quantidade, nas fendas de calcários marítimos "sob influência" das gaivotas e dos pescadores, habitat semelhante a Lavatera arborea. Curioso será referir que nestes locais esta planta apresenta folhas bem carnudas e um porte que por vezes não excede os 10cm (ver comentário na Flora Iberica...).

    ResponderEliminar
  3. É pouco provável que uma planta halonitrófila a ornitocoprófila calcícola, entre pelo vale do Douro para se alcandorar nas plataformas rochosas dos canhões do Tua e do Douro. Por outro lado, as descrições da S. sublyrata são inconsistentes entre Floras, por exemplo no que ao recorte da folha diz respeito. Não sei até que ponto o tratamento seguido pela Flora Iberica não será demasiadamente sintético.

    ResponderEliminar
  4. Na Berlenga, local exemplarmente ornitocoprófito (cerca de 22.000 gaivotas em cerca de 78ha)a S.sublyrata apresenta um porte bem desenvolvido, até 40cm e folhas carnudas (uma adaptação à salsugem observada também, nesta ilha, noutras espécies como a Silene scabrifolia, Leontodon taraxacoides, Lobularia maritina, Cochlearia danica, Calendula suffruticosa algarbiensis, etc). Refere-se que o substrato rochoso é constituído por um belo granito rosa; de facto é o local onde vi esta em maior abundância.

    ResponderEliminar
  5. A Scrophularia sublyrata é mais comum do que aquilo que se pensa no norte de Portugal. Ocorre no Marão, Gerês, Aboboreira, Montemuro, Tua e Sabor. No entanto apresenta uma variação ao longo da sua distribuição que poderá estar relacionada com o habitat que ocupa. A razão pela qual esta espécie parece ser pouco frequente no Norte é porque cresce entre as fissuras dos afloramentos graníticos, nos locais onde se acumula matéria orgânica suficiente. Nessas posições facilmente passa despercebida...

    ResponderEliminar
  6. Scrophularia sublyrata também ocorre em solos arenosos. Na península de Tróia é possível encontrá-la na orla de zimbrais de J. turbinata. Acompanha comunidades nitrófilas, ricas em Urtica membranacea. Também já a observei, ainda que menos frequentemente, na orla de pinhais, eucaliptais e mesmo bermas de trilhos, sempre em locais algo "alterados".

    André Carapeto

    ResponderEliminar
  7. A considerar dois taxa, as populações halonitróflas quedariam com o nome S. sublyrata, e as continentais com o nome Scrophularia schousboei.

    ResponderEliminar
  8. Uma planta notável, bastante comum nas Serras Beira-Durienses.

    ResponderEliminar