E era tão simples e educar na biologia!
Tomemos como exemplo a reprodução e a taxonomia dos grandes grupos de plantas com semente. Um Chamaecyparis lawsoniana e uma cerejeira cultivados nos taludes do recreio são material suficiente para explicar com detalhe os conceitos de espermatófito, gimnospérmica e angiospérmica, e explorar a evolução da flor, a polinização, a fecundação, a formação do fruto e da semente, e a dispersão nas plantas com semente. Para tal, bastaria sair da sala de aula num dia soalheiro do mês de Março, colher estruturas reprodutivas e flores, e desmontá-las em laboratório.
Estróbilos femininos de Chamaecyparis lawsoniana (Cupressaceae), uma planta indígena da costa leste da América do Norte. Na foto observam-se numerosos primórdios seminais, com uma gota de polinização pronta para capturar e transportar os grãos de pólen para vizinhança do gâmeta feminino. O gâmeta feminino, a oosfera, está protegida no interior do primórdio seminal. Os primórdios estão inseridos na axila de pequenas escamas férteis que mais tarde, na maturação, darão origem às escamas dos gálbulos (frutificações das cupressáceas). As escamas férteis dos Pinales (= coníferas), ordem a que pertencem as famílias Cupressaceae e Pinaceae, são tendencialmente interpretadas como caules modificados. Os primórdios seminais depois de fecundados transformam-se em sementes.
Estróbilos masculinos de Chamaecyparis lawsoniana (Cupressaceae). Na fotografia observam-se sacos polínicos, ainda por abrir, inseridos em grupos de três, por baixo de pequenas escamas.
As plantas representadas nas imagens são gimnospérmicas, um dos dois grandes grupos de plantas com semente (= espermatófitas). As espermatófitas reúnem, portanto, as gimnospérmicas e as angiospérmicas (= plantas com flor). Gimnospérmica significa, literalmente, semente (sperm) nua (gymno). Por conseguinte, nas gimnospérmicas nem os primórdios seminais estão encerrados numa espécie de saco (num ovário) como nas angiospérmicas, nem as sementes em frutos. As gimnospérmicas produzem frutificações, as angiospérmicas frutos; as frutificações são estróbilos femininos maduros, os frutos ovários maduros.
Se clicarem na etiqueta "morfologia vegetal" à vossa direita encontrarão alguma informação sobre a flor. Estão publicados inúmeros livros onde aprofundar estes assuntos.
O Prof. E. O. Wilson (in Biophilia aqui) diz-nos que a espécie humana têm uma enorme facilidade (e necessidade) para percepcionar as formas e estabelecer laços com os seres vivos. A escola tem que facilitar e não impedir a expressão desta pulsão.
[fotos CA]
Bem observado!
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