sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Frutos de Euonymus europaeus (Celastraceae)

O Outono é a estação dos frutos e da queda das folhas, assim aprendíamos nos livros de leitura da escola primária, nos tempos da ditadura. O frio é próprio do Inverno e as flores da Primavera. O Verão é a estação do calor e das colheitas. No Portugal urbano do séc. XIX, cada vez mais distante da ruralidade, o discurso terá que ser outro. Não faço ideia qual.
Neste post apresentei aquela que poderá ser a árvore mais rara de Portugal. Recentemente, encontrei os exemplares que se seguem em fruto, no Outono, a condizer com o modelo fenológico do Estado Novo ;-)





Euonymus europaeus (Celastraceae). N.b. folhas opostas e frutos lobulados [Bragança, Serra de Nogueira, foto CA]

9 comentários:

  1. Que planta tão linda! Este post fez-me lembrar uma sugestão que ando para fazer há tempos: seria interessante se, na legenda das fotografias, incluísses o mês do ano em que foram tiradas. Imagino que nem sempre disponhas dessa informação, mas quando existisse, seria útil para os amadores, como eu...

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  2. Uma maravilha, efectivamente!
    zg

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  3. É absurdo termos na nossa flora uma planta com este aspecto! Frutos como estes só encontro paralelo nas florestas tropicais, onde vale tudo para chamar a atenção dos animais (até produzir sementes lilazes com arilo branco dentro de uma cápsula cor-de-laranja, como vi numa espécie de Calathea)
    (...e nesta foto ainda não se vêem as sementes, que vão ainda mais atestar a bizarria!)

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  4. Estou de acordo contigo, Miguel. O frutos e as sementes de E. europaeus poderão muito bem ser um caso de anacronismo ecológico ao nível da dispersão das sementes ("Seed Dispersal Anachronism"), i.e. esta espécie reter caracteres, ao nível do fruto e da semente, evoluídos em consequência de relações mutualistas com dispersores já extintos.
    O anacronismo ecológico é um tema absolutamente fantástico, particularmente evidente nos frutos no cerrado brasileiro. Não surpreende, por isso, que os biólogos brasileiros estejam particularmente avançados no seu estudo (vd. site do Prof. Mauro Galetti (UNESP) em http://www.rc.unesp.br/ib/ecologia/fenologia/prof.html), ou http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/revista-ch-2008/249/anacronismo-ecologico).

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  5. Tens razão, Ana. A data das fotos é uma informação muito útil, ainda por cima está gravada nas fotografias digitais.

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  6. Boas Carlos!
    Desconhecia o conceito de anacronismo ecológico pelo nome, mas de facto fascina.
    O que eu acho bizarro nestes frutos é que são, no fundo, frutos secos (cápsulas, folículos, etc.), mas que se tornaram (secundariamente?) carnudos e coloridos (mantendo a estrutura de fruto seco!), o que na nossa flora é raríssimo, mas nos trópicos é bastante comum, sabe-se lá porquê. Na nossa flora, a esmagadora maioria dos frutos carnudos são "mesmo" carnudos, mas nos trópicos aparecem muitos casos destes "pseudo-carnudos".
    Um dos frutos que mais me fascinou em tempos idos foi o da Carvalhoa campanulata (clicar aqui), uma Apocynaceae (tal como o nosso conhecido loendro, Nerium oleander) que, como é típico da família, produz um folículo (fruto supostamente seco), mas que ao amadurecer revela de facto ter um interior carnudo.
    Claro que isto é meramente um exemplo no meio de milhares.
    Bom, acho que estou a divagar; se calhar não há mistério nenhum nisto, mas eu acho interessante!
    Até logo!

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  7. O que é «o modelo fenológico do Estado Novo ;-)»?

    zg

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  8. «O Outono é a estação dos frutos e da queda das folhas, assim aprendíamos nos livros de leitura da escola primária, nos tempos da ditadura. O frio é próprio do Inverno e as flores da Primavera. O Verão é a estação do calor e das colheitas. No Portugal urbano do séc. XIX, cada vez mais distante da ruralidade, o discurso terá que ser outro. Não faço ideia qual.»

    Bom, a resposta está aqui, mas penso que o discurso continua bastante actual e apropriado para o futuro...

    zg

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  9. A árvore mais rara de Portugal e também uma das mais belas!

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