A Terra Quente transmontana está fantástica dos meados de Março até aos meados de Maio.
Por esta altura dominam a biomassa das comunidades de plantas de taludes e margens de caminhos duas plantas da família da couve (Brassicaceae ou Cruciferae, o Código Internacional de Nomenclatura Botânica aceita as duas grafias): a Eruca vesicaria e a Sinapis alba subsp. mairei.
A Eruca vesicaria «rúcula-selvagem» é apreciada pelo menos desde a Roma Clássica, e muito citada pelos gourmets de plantas não cultivadas.
No passado extraía-se um óleo da rúcula-selvagem, usado como condimento em substituição da mostarda. Actualmente, colhem-se as suas folhas, de preferência antes da floração, para consumo em fresco em saladas. O mesmo destino pode ser dado às flores e aos botões florais. A rúcula tem um sabor picante inconfundível devido à presença de um glucosinolato sulfurado - o ácido erúcico - cuja toxicidade não é consensual entre os especialistas. Pelo sim e pelo não mais vale consumir folhas de variedades melhoradas com baixos teores de ácido erúcico, que podem ser cultivadas com sucesso em qualquer horta urbana ou rural. Em alternativa, é fácil encontrar rúcula empacotada nos supermercados, vindas sabe-se lá de onde, e a que preço!
Alguns autores defendem que as linhagens cultivadas desta planta exibem uma morfologia distinta das populações selvagens, concretamente maior dimensão, folhas menos divididas, cálice persistente e flores mais pálidas - propondo a sua segregação sob o nome E. vericaria subsp. sativa. Outros afirmam que se observa um contínuo entre a subsp. vericaria e a subsp. sativa, que impede qualquer tratamento subespecífico da E. vesicaria
Das sementes moídas da S. alba subsp. alba, um domesticado da subsp. mairei de escasso valor taxonómico, faz-se uma mostarda suave (mostarda-branca). As mostardas mais picantes (mostardas francesas) baseiam-se nas sementes de Brassica nigra, uma planta de proveniência desconhecida, assilvestrada no sul do país. Dizem os livros que a mostarda-branca pode ser usada como condimento, ou em sinapismos (cataplasmas que provocavam um afluxo de sangue nas zonas de aplicação).