domingo, 28 de fevereiro de 2010
Carduus carpetanus (Asteraceae)
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Carduus pycnocephalus (Asteraceae)
Há muitas espécie Carduus em Portugal, 10 se não estou em erro.
O C. tenuiflorus e C. pycnocephalus, dois dos cardos mais frequentes no interior do país, são um tanto ou quanto difíceis de distinguir:
... o C. pycnocephalus tem os capítulos pedunculados (vd. imagem); no C. tenuiflorus os capítulos são sésseis.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Platanthera bifolia (Orchidaceae)
Platanthera bifolia (L.) L.C.M. Rich. = Orchis bifolia L. [basiónimo] = Habenaria bifolia (L.) R.Br. ou ainda Satyrium diphyllum Link (nomes vernáculos: satirião bifoliado, satirião verde) é uma orquidácea de distribuição eurasiática (em Portugal encontra-se sobretudo no Norte).
Esta rara orquídea é uma característica da classe florestal Querco roboris-Fagetea sylvaticae Braun-Blanq. & Vlieger in Vlieger 1937, cujo nome correcto é Querco-Fagetea Braun-Blanq. & Vlieger in Vlieger 1937, de acordo com Rivas-Martínez, T. Díaz, F. Fernández-González, J. Izco, J. Loidi, M. Lousã & A. Penas, 2002, Vascular plant communities of Spain and Portugal: Addenda to the Syntaxonomical Checklist of 2001. Itinera Geobotanica 15 (2).
A foto é de Junho de 2008, de um local situado entre a BA e TM, entre os concelhos de Tarouca e Armamar, e mostra-nos a bela orquídea num mato de Halimium lasianthum (Lam.) Spach subsp. alyssoides (Lam.) Greuter (= Cistus alyssoides Lam. (basiónimo) = Halimium alyssoides (Lam.) K. Koch, um arbusto endémico ibero-gálico), que também inclui algumas gramíneas.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Huperzia selago (Lycopodiaceae)
Ainda mais um licopódio: Huperzia selago (L.) Bernh. ex Schrank & Mart. = Lycopodium selago L. (basiónimo): ambos os nomes são igualmente legítimos, sendo o primeiro adoptado na maioria das floras recentes e o segundo adoptado por ex. por Greuter & Burdet (Med-Checklist vol. 1, 1984).
Esta foto é açórica, proveniente da bela e extraordinária Ilha do Pico.
Segundo os mestres fitossociólogos, pode encontrar-se em vegetação da ordem Vaccinio microphylli-Juniperetalia nanae Rivas Martínez & Costa 1998, pertencente à classe Vaccinio myrtilli-Piceetea abietis Braun-Blanq. in Braun-Blanq., G.Sissingh & Vlieger 1939, de florestas de Coníferas acidófilas circumboreais, em solos oligotróficos.
Esta erva tão peculiar era colhida com ceremonial religioso pelos druidas, na antiguidade (de acordo com a Flora iberica vol. I, 1986).
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Diphasiastrum maderense (Lycopodiaceae)
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Lycopodiella cernua (Lycopodiaceae), Polytrichum sp. (Polytrichaceae) e Sphagnum sp. (Sphagnaceae)
Depois de quatro maravilhosas crucíferas precoces estremadurenses, ficam aqui três criptogâmicas açóricas, da fantástica Ilha Terceira, que também são bem interessantes (as fotos são provenientes de um local aromaticamente sulfuroso):
Lycopodiella cernua (L.) Pichi-Sermolli (=Palhinhaea cernua (Linn.) Franco et Vasc. = Lycopodium cernuum L., basiónimo), um licopódio considerado pantropical (da família Lycopodiaceae, classe Lycopodiopsida), cujos principais nomes vernáculos são "pinheirinho", "musgão" e "musgo do mato";
Polytrichum sp., um belo musgo quase vascular, já referido neste blog (do género Polytrichum Hedw., família Polytrichaceae e classe Polytrichopsida);
e ainda Sphagnum sp., o famoso musgo das turfeiras (do género Sphagnum L., pertencente à família Sphagnaceae e à classe Sphagnopsida).
sábado, 20 de fevereiro de 2010
É tempo de crucíferas
Generalizações são perigosas, especialmente se forem empíricas como esta que vou fazer. Mesmo assim arriscaria dizer que a família das crucíferas parece ter uma certa tendência para florescer muito cedo - em meados de Fevereiro já muitas espécies podem ser vistas em flor. Algumas até no Outono já estão em pleno (ver aqui). Eis quatro dessas crucíferas "temporãs", todas encontradas no mesmo habitat - uma cascalheira calcária.
[fotos: MPorto]
Hesperis laciniata, em particular, acho fantástica, exuberância suprema, além de bastante rara. Apenas a conheço nos "melhores calcários" aqui do centro sul. Planta perene de grande tamanho, flores grandes, um tanto ou quanto semelhante aos goivos de jardim (Matthiola spp.). Simplesmente espectacular, muito estranho é ver tamanha exuberância e delicadeza debaixo deste frio invernal.
Hornungia petraea, pelo contrário, prima pela sua minuscularidade. Um habitante efémero de rochas com uma fina camada de solo, onde, após o término das chuvas, apenas conseguem subsistir plantas suculentas (fam. Crassulaceae) e musgos tolerantes à desidratação (poiquilohídricos), já que estas camadas finíssimas de solo não retêm a água mais do que poucas horas se expostas ao sol em tempo seco; qualquer ocupante desprevenido seria desidratado tout de suite. Não sei se a H. petraea é rara, talvez seja provavelmente mais comum do que se pensa, e por ser tão discreta e efémera, passa despercebida.
Semelhante comportamento têm as restantes duas, plantas em geral muito pequenas que colonizam pequenos nichos efémeros. E como estas há todo um grupo de crucíferas anuais miniatura a florescer nesta época... não esquecer Teesdalia spp., Cardamine spp., Jonopsidium acaule, entre outras...
Mas nem só de crucíferas vive o homem, com isto ficou a apetecer mostrar mais um pouco das maravilhas em miniatura que se podem ver nesta época! Plantas das quais só nos apercebemos da existência quando estamos a vinte centímetros de distância!
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Cymbalaria muralis (Plantaginaceae)
Fica aqui mais uma Antirrínea, bem conhecida de todos mas não menos bela por isso: a Cymbalaria muralis P.G. Gaertn., B. Mey. & Scherb. = Linaria Cymbalaria (L.) Mill. ou ainda Antirrhinum Cymbalaria L.
Esta planta extraordinária também possui capacidades trepadoras (como o já aqui referido Antirrhinum majus L. subsp. cirrhigerum (Ficalho) Franco) e costuma encontrar-se em comunidades nitrófilas de muros e paredes sombrios e frescos nas Regiões Euro-Siberiana e Mediterrânica.
Vernacularmente conhecida por "ruínas" ou "cimbalária", possui uma associação com o seu nome (que é até bastante comum): Cymbalarietum muralis Görs 1966, da aliança Cymbalario-Asplenion Segal 1969, pertencente à ordem Parietarietalia Rivas Mart. ex Rivas Goday 1964 e à classe Parietarietea Rivas Mart. in Rivas Goday 1964 (Syn.: Cymbalario-Parietarietea diffusae Oberd., Görs, Korneck, W.Lohmeyer, Th.Müll., G.Phil. & P.Seibert 1967 nom. nud. (art. 2b, 8)), conforme se pode ver aqui:
SYNSYSTÈME DE LA FRANCE
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Antirrhinum cirrhigerum e A. linkianum (Plantaginaceae)
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Antirrhinum meonanthum (Plantaginaceae)
Continuando com as Antirríneas portuguesas, aqui fica mais uma, endémica da Península Ibérica: Antirrhinum meonanthum Hoffmanns. & Link, cuja distribuição se pode ver no excelente post de ontem. Podemos acrescentar apenas que, de acordo com Rivas-Martínez, T. Díaz, F. Fernández-González, J. Izco, J. Loidi, M. Lousã & A. Penas, 2002, Vascular plant communities of Spain and Portugal: Addenda to the Syntaxonomical Checklist of 2001. Itinera Geobotanica 15 (2), esta espécie se pode encontrar preferencialmente em ambientes de Parietario-Galion muralis Rivas Mart. ex Rivas Goday 1964, aliança que pertence à ordem Parietarietalia Rivas Mart. ex Rivas Goday 1964, da classe de vegetação nitrófila rupestre e de muros Parietarietea Rivas Mart. in Rivas Goday 1964.
Nesta foto, obtida num talude granítico sombrio no concelho de Trancoso em Junho de 2007, é possível ainda observar uma outra Antirrínea: Anarrhinum bellidifolium (L.) Desf. (=Antirrhinum bellidifolium L., basiónimo), que é bastante mais comum, e ainda uma Rubiácea (Galium sp., provavelmente).
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Antirrhinum portugueses (Plantaginaceae)
Vargas et al. (J. Biogeogr., 36, 2009) publicaram no ano passado um artigo sobre a relações filogenéticas entre os Antirrhinum ibéricos.
O tratamento taxonómico seguido por estes autores é muito próximo do adoptado pelo revisor do género da Flora Iberica (J. Güemes, 2009, ver aqui). A única diferença reside no não reconhecimento do A. onubensis (vd. este post) por Vargas et al.
Um pequeno resumo das conclusões deste autores:
- O género Antirrhinum tem uma distribuição mediterrânica
- Reconhecem-se cerca de 25 espécies de Antirrhinum, concentradas no metade ocidental da bacia mediterrânica; por outras palavras, a Península Ibérica é um hotspot de diversidade do género
(Vargas et al., 2009)
- 6 espécies de Antirrhinum em Portugal - A. braun-blanquetii, A. cirrhigerum, A. graniticum, A. meonanthum, A. lopesianum e A. linkianum - às quais haveria ainda de somar o A. onubensis
- Quase todas as espécies de Antirrhinum presentes em Portugal são endemismos ibéricos (excepto A. cirrhigerum, vd. mapa)
- O ancestral comum a todos os Antirrhinum datará do Pliocénico (ca. 5 - 2,5 milhões de anos antes do presente)
- O género especiou essencialmente em ambientes montanhosos
- A área de distribuição dos taxa de Antirrhinum flutuou ao sabor das alterações climáticas pleistocénicas
- A história evolutiva do género Antirrhinum foi marcada por frequentes eventos de hibridação (e, por essa razão, J. Güemes não reconhece qualquer categoria taxonómica entre o género e a espécie)
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Chara sp. (Characeae) e Tilia platyphyllos (Malvaceae)
Ainda aqui não tinha aparecido esta curiosa planta aquática: Chara sp. (da família Characeae), aqui juntamente representada com frutos e respectivas brácteas de Tilia platyphyllos Scop. (Malvaceae actualmente - costumava pertencer à família Tiliaceae) e ainda um fragmento da conífera exótica Cryptomeria japonica (L. f.) D. Don (Cupressaceae ou Taxodiaceae, como se preferir).
Encontrei-a há dias num tanque e a sua identificação (até ao género) não deixou dúvidas, pois trata-se de uma erva (alga) aquática com verticilos de folhas verdes bastante duras, devido à deposição de sais de cálcio nas paredes das suas células.
O género Chara L. pertence à família Characeae, à ordem Charales, à classe Charophyceae e à divisão Charophyta que, segundo alguns autores, poderia incluir todas as plantas terrestres (cf. Mabberley's Plant-Book, 2008: 927).
Este autor (2008: 175) informa-nos ainda que o género Chara L. é conhecido desde o Cretácico Superior e que as Charales são conhecidas desde o Ordovícico tardio (através de fósseis), sendo consideradas irmãs das plantas terrestres.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Succisa pinnatifida (Dipsacaceae)
foto de Carlos Silva
A Succisa pinnatifida é tal como o Ranunculus bupleroides, um quase endemismo português. As únicas populações que ocorrem em Espanha estão situadas no sul da Galiza. Para Sul só se estende até à inicio da Beira litoral e para Este só ocorre até à vertente ocidental do Marão. Cresce apenas em solos xistosos, e mesmo assim só aparece em alguns tipos de xistos. Os xistos variam muito dependendo da orientação das suas lâminas e das características das rochas que estiveram na origem da sua metamorfização. Estranhamente, muitos do dos endemismos do quadrante Noroeste de Portugal estão associados aos solos xistosos. Ranunculus bupleuroides, Anarrhinum longipedicellatum, Teucrium salviastrum e Murbeckiella sousae crescem quase sempre ou mesmo em exclusividade neste tipo de litologia. Em épocas remotas, quando os afloramentos rochosos eram raros nas menores altitudes e a floresta dominava em pleno a vegetação, as vertentes xistosas eram”ilhas” que permitiam a especiação destas plantas. Os afloramentos granitos nas menores altitude deviam ser pouco abundantes devido á facilidade com que formam solo profundo. A sua abundância nos tempos que correm é consequência da promoção da erosão devido à acção do Homem. Algumas vertentes xistosas são tão secas que podemos encontrar azinheiras em serras como o Marão e a Lousã. Quando o eucalipto começou a ser plantado extensivamente, todas as serras com litologia xistosa do Noroeste português foram flageladas e de repente a Succisa pinnatifida passou a sofrer uma enorme ameaça. Em Valongo, passou de extremamente comum para pouco frequente no espaço de duas décadas. E como a Directiva Habitats passou ao lado deste endemismo de distribuição muito restrita, quase ninguém se preocupa com o estado da Succisa pinnatifida em Portugal.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
O azevinho
(foto de A. Magalhães)
O azevinho, um dos arbustos mais excêntricos das nossas florestas, é uma das raras plantas que teve direito a uma legislação especial destinada à sua protecção. Apesar de não ser um arbusto raro, começava a desaparecer de algumas zonas do nosso pais devido à procura que tinha como enfeite natalício. Os azevinhos fêmeas eram os mais procurados e para impedir que se repetisse um processo semelhante ao do teixo, fez-se legislação que impedisse a colheita de azevinho espontâneo, resultando daí o Decreto-Lei n.º 423/89. O teixo já foi mais comum nas nossas montanhas, mas desapareceu rapidamente devido à destruição das plantas fêmea pelos pastores, já que eram frequentemente ingeridas pelo gado, levando à sua intoxicação. A razão da utilização do azevinho como enfeite de natal tem origens que remontam aos tempos do paganismo. Como algumas plantas morriam ou perdiam as suas folhas durante o outono e o inverno, os pagãos da zona da Germânia responsabilizavam os espíritos malignos pela destruição da flora. No solstício de inverno levavam para casa ramos verdes, de coníferas ou de azevinho, para lhes fornecerem energia para resistirem aos poderes do frio e da escuridão. Nasceu assim a tradição da árvore de Natal e do ramo de azevinho, mostrando que Natureza foi a primeira divindade a ser adorada pelo Homem. Mas porque razão permanece o azevinho com as suas folhas enquanto todos os outros arbustos deixam cair as suas no outono? O azevinho é relíquia de tempos antigos, durante os quais o clima na Europa era mais quente. As relíquias paleotropicais são fáceis de identificar, porque normalmente são as únicas representantes da sua família. O loureiro das Lauraceas, a murta das Mirtaceas e o azevinho das Aquifoliaceas são alguns desses exemplos mas com uma diferença. O azevinho não se refugiou nas zonas mais amenas do Sul da Europa, mas pelo contrário, avançou para territórios mais a Norte. E para combater o frio e os herbívoros esfomeados dos meses de inverno, teve de se armar até aos dentes. As folhas do azevinho possuem uns dentes afilados durante a fase em que possuem um porte arbustivo, perdendo os dentes quando chegam a velhas, pois nessa altura os ramos estão mais altos e são mais difíceis de alcançar. As folhas estão cheias de celulose para serem pouco palatáveis, e possuem altos conteúdos de sacarose, proteínas e lípidos que funcionam como um anticongelante. O azevinho é um arbusto extremamente bonito, fácil de cultivar, sendo um dos poucos que aguenta bem crescer ao sol ou à sombra. No seu ambiente natural, as árvores que estão acima dele estão despidas durante o inverno, deixando passar os raios solares. No verão, pelo contrário, permanece à sombra das copas cerradas, tendo por essa razão evoluído para viver entre estas duas posições extremas. Parece que os antigos pagãos tinham razão, o azevinho tem realmente poderes extraordinários.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Antirrhinum onubensis (Plantaginaceae)
Voltando ao rico tema (quase inesgotável) das Antirríneas, aqui fica mais um precioso endemismo ibérico: Antirrhinum onubensis (Fernández Casas) Fernández Casas - tradicionalmente uma Escrofulariácea mas actualmente uma Plantaginácea.
Este caméfito encontra-se habitualmente nos afloramentos calcários do Barrocal Algarvio como por exemplo no Espargal ou na Rocha da Pena.
Esta foto foi obtida junto ao vértice geodésico Espargal (alt. c. 300 m), em Maio de 2008.
Citando os mestres Pinto Gomes & Paiva Ferreira (2005: 53, ver aqui): "Caméfito herbáceo muito frequente, característico dos afloramentos rochosos de calcário; Ibérico; Seguindo Fdez. Casas (1997) o Barrocal representa o único local conhecido desta planta para Portugal Continental; Parietarietea judaicae."
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Crescimento das coníferas
Chamaecyparis lawsoniana 'Ellwoodii' (foto A. Magalhães)
A maior parte das coníferas apresenta um alongamento monopodial, o que as leva a possuir a típica forma em flecha, muito marcada nos géneros Picea, Abies ou Pseudotsuga. Este tipo de crescimento representa uma vantagem durante o Inverno, impedindo que a neve se acumule em demasia nos ramos, o que poderia levar à sua quebra. Contudo, em zonas áridas este problema já não se coloca e por essa razão temos algumas espécies como o pinheiro-manso, que apresenta uma forma mais próxima do guarda-chuva, uma adaptação convergente com a maioria das acácias africanas. No género Cedrus existe uma solução intermédia, que lhes permite continuar com a forma em flecha mas com uma copa mais ampla típica das árvores com crescimento simpodial. O alongamento monopodial permite um enorme crescimento em altura que parece ser apenas limitado pelas condições adversas locais a que a maioria das coníferas está sujeita. Uma conífera com este tipo de crescimento que habite uma zona de clima ameno pode teoricamente atingir um porte gigantesco. E é isso mesmo que acontece com as sequóias gigantes que vivem nas zonas litorais do Oeste dos Estados Unidos.
Rubus vigoi (Rosaceae)
A maior parte dos aficionados das plantas portugueses acham mais apelativas as plantas de floração mais vistosa, ou as que possuem características peculiares, tais como as orquídeas e as plantas insectívoras. Não vou contestar a popularidade de alguns destes grupos de plantas porque existem motivos mais do que suficientes para as pessoas se sentirem atraídas pelas “raridades” do mundo vegetal. Mas alguns grupos taxonómicos mais "espinhosos" são abandonados porque são simplesmente pouco atractivos ou de identificação complicada. Este é o caso das silvas, género Rubus, um grupo de plantas que tardamos a dominar apesar de vários investigadores já terem passado anos e anos debruçados sobre o assunto. E dentro do género Rubus existem secções que intimidam o investigador mais experiente. O Rubus vigoi pertence a uma das secções mais complicada do género mas é uma planta tão atractiva que se destaca mesmo no meio do silvado mais monótono. As pétalas brancas de grande tamanho e os folíolos de margens onduladas são duas das características mais importantes. Não é assim raro encontrar o Rubus vigoi nas orlas florestais, mas escapa muitas vezes à nossa atenção pela semelhança que tem com a espécie mais abundante da nossa flora e que pertence ao mesmo grupo, o Rubus ulmifolius.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Linaria amethystea (Plantaginaceae)
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Linaria ficalhoana (Plantaginaceae)
Continuando na senda das linárias, aqui fica mais uma bela plantaginácea endémica lusitana (mais concretamente, uma antirrínea endémica de Portugal): Linaria ficalhoana Rouy, fotografada nas dunas arenosas marítimas de Vila Nova de Mil Fontes, no BAl litoral, em Maio de 2003.
Citando mais uma vez o nosso mestre D. António Xavier Pereira Coutinho, na 2ª edição da Flora de Portugal (1939: 652), esta planta prostrado-ascendente, verde, muito glanduloso-viscosa, cujas flores são intensamente amarelas, encontra-se nas areias marítimas do Alentejo, florescendo de Março a Setembro.
O nome desta espécie tão rara constitui uma justa homenagem ao insigne botânico Francisco Manuel de Mello Breyner, 4º conde de Ficalho (1837-1903), que, para além de professor de Botânica em Lisboa, foi também diplomata, escritor e presidente da câmara da mesma cidade.
Convém ainda acrescentar que o nome desta preciosa linária não está directamente relacionado com a Serra de Ficalho, no Baixo Alentejo interior (concelho de Serpa). Esta serra possui uma flora rica e diversificada mas que não inclui a linária aqui ilustrada, de distribuição muito mais litoral e dunar.
sábado, 6 de fevereiro de 2010
Linaria intricata (Plantaginaceae)
A L. intricata tem uma ecologia extraordinária. As populações desta espécie, literalmente, explodem após um fogo severo que queime o mato e mineralize a matéria orgânica do solo (à superfície, claro). A supressão do fogo autoriza o regresso dos matos e, mais tarde, do bosque, acabando por aniquilar as populações de L. intricata. Portanto, a L. intricata é mais uma evidência indirecta, entre muitas outras, de que o fogo, há muito tempo condiciona o funcionamento dos ecossistemas mediterrânicos peninsulares. Agora, cuidado com a receita! Sem fogo não há L. intricata; com muito fogo abunda a L. intricata mas não há bosque, e tudo o que o bosque representa!
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Corydalis cava (Fumariaceae)
Depois de uma belíssima linária, uma planta não menos bela, e ainda mais rara em Portugal: Corydalis cava (L.) Schweigg. & Körte = Fumaria bulbosa L. var. cava L. (basiónimo), "Habitat in Europae nemoribus & umbrosis" segundo o grande Lineu indicou para a sua espécie (Fumaria bulbosa L.).
Em Lu esta planta só se encontra na Serra de Rebordãos (= Serra de Nogueira), pr. de Bragança, com o seu "rizoma tuberoso, ôco em pouco tempo" já o dizia D. António Xavier Pereira Coutinho, na sua excelente Flora de Portugal.
Sobre esta esplêndida planta diz o Carlos (2000: 217): "Orlas de bosques caducifólios sobre rochas básicas, sobretudo se recentemente ardidos, nas cotas mais elevadas da Serra de Nogueira. (Trifolio-Geranietea) [Fagetalia sylvaticae]. Raro."
As fotos foram obtidas na dita serra, na Primavera (Abril/Maio), pr. do castelo de Rebordãos, num simpático carvalhal de Holco mollis-Quercetum pyrenaicae (da classe florestal Querco-Fagetea) ou nas suas orlas (Trifolio-Geranietea).
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
Linaria aeruginea (Plantaginaceae)
Para começarmos o mês de Fevereiro da melhor maneira (a Primavera aproxima-se), nada como uma linária, uma das mais belas plantas da flora de Portugal: Linaria aeruginea (Gouan) Cav. = Antirrhinum aerugineum Gouan (basiónimo), que actualmente já não é uma escrofulariácea, mas continua a ser uma linária e uma antirrínea!
Este raro endemismo ibérico encontra-se por vezes perto do rio Douro, em locais herbosos das suas margens e também em taludes xistosos e nas vinhas das encostas durienses. Também é possível encontrá-la no pequeno (embora fascinante) castelo de Rebordãos, situado na serra do mesmo nome, muito perto da cidade de Bragança.
Citando o Carlos Aguiar (2001: p. 250), este casmófito muito raro pode encontrar-se "sobre rochas ultrabásicas; raramente em comunidades pioneiras de leptossolos líticos, no mesmo tipo de substrato. (Rumici indurati-Dianthion lusitani, Armerion eriophyllae)" - a variedade aeruginea (Rouy) Samp.;
e ainda em "Taludes pouco nitrofilizados, menos vezes em clareiras de matos heliófilos. (Alysso granatensis-Brassicion barrelieri)" - a variedade atrofusca (Rouy) Samp.
Parece-me que a foto acima apresentada, obtida em Abril de 2009, a sul do rio Douro, num talude xistoso, corresponderá à variedade típica: Linaria aeruginea var. aeruginea.