sábado, 13 de fevereiro de 2010

Chara sp. (Characeae) e Tilia platyphyllos (Malvaceae)














Ainda aqui não tinha aparecido esta curiosa planta aquática: Chara sp. (da família Characeae), aqui juntamente representada com frutos e respectivas brácteas de Tilia platyphyllos Scop. (Malvaceae actualmente - costumava pertencer à família Tiliaceae) e ainda um fragmento da conífera exótica Cryptomeria japonica (L. f.) D. Don (Cupressaceae ou Taxodiaceae, como se preferir).
Encontrei-a há dias num tanque e a sua identificação (até ao género) não deixou dúvidas, pois trata-se de uma erva (alga) aquática com verticilos de folhas verdes bastante duras, devido à deposição de sais de cálcio nas paredes das suas células.
O género Chara L. pertence à família Characeae, à ordem Charales, à classe Charophyceae e à divisão Charophyta que, segundo alguns autores, poderia incluir todas as plantas terrestres (cf. Mabberley's Plant-Book, 2008: 927).
Este autor (2008: 175) informa-nos ainda que o género Chara L. é conhecido desde o Cretácico Superior e que as Charales são conhecidas desde o Ordovícico tardio (através de fósseis), sendo consideradas irmãs das plantas terrestres.

4 comentários:

  1. Aliás, certos musgos -Polytrichum- já são de alguma forma plantas vasculares:

    "Mosses in the genus Polytrichum are endohydric, meaning water must be conducted from the base of the plant. While mosses are considered non-vascular plants, those of Polytrichum show clear differentiation of water conducting tissue."
    http://en.wikipedia.org/wiki/Polytrichum

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  2. Já agora, fica aqui uma referência para um atlas botânico muito interessante:

    http://www.plantatlas.eu/pdfs/daep_3families_72dpi.pdf

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  3. Vou tentar responder à tua simpática "provocação" de uma forma muito simplificada.

    1) As plantas terrestres (Embryobionta) incluem briófitos s.l. (= hepáticas + musgos + antóceros), pteridófitos (= licófitos + fetos) e plantas-com-semente (= gimnospérmicas + angiospérmicas). Se os briófitos são plantas terrestres, então são também plantas-verdes (Viridiplantae).

    2) A tua segunda questão obriga a uma resposta um bocado pesada, com alguns conceitos e termos um pouco complicados. Alguns grupos de briófitos, de facto, apresentam um rudimento de tecido condutor, francamente menos evoluído que os tecidos vasculares dos traqueófitos (= pteridófitos + plantas com semente). No entanto, atenção, nos briófitos só o gametófito (fase haplóide) poderá apresentar-se vascularizado, enquanto nos traqueófitos os tecidos vasculares desenvolvem-se no esporófito (fase diplóide). Esta diferença é essencial: significa que os dois sistemas vasculares, se assim posso dizer, nos briófitos e nos traqueófitos, não são homólogos (não têm origem num ancestral comum). Este raciocínio aplica-se também às "folhas" (e não só) dos musgos: as "folhas" dos musgos têm uma história evolutiva independente das folhas das plantas vasculares. Conclusão: os briófitos não são plantas vasculares.

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  4. Obrigado pela tua excelente resposta, Carlos, muito didáctica e perfeitamente esclarecedora!
    (Neste blog aprendem-se mesmo muitas coisas!)

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