A maior parte do interior norte e centro de Portugal distribui-se por dois andares bioclimáticos: mesomediterrânico e supramediterrânico. No andar mesomediterrânico dominam os bosques perenifólios; os bosques caducifólios de Quercus pyrenaica são característicos do andar supramediterrânico.Além dos bosques, ambos andares dispõem de um conjunto alargado de plantas bioindicadores. Um dos mais fiáveis é este cardo:
Carduus carpetanus (Asteraceae), um bioindicador do andar supramediterrânico no interior norte e centro de Portugal, frequente em pousios e em margens de caminhos afastadas dos povoados [foto CA, Bragança]
Mais um belo cardinho, bem comum nas montanhas do N e C!
ResponderEliminarNa foto de baixo, que é óptima, também é possível ver-se um "beetle", mas esse não deve ser nada fácil de identificar!
ResponderEliminarO Cardus carpetanus na serra da Estrela tem uma distribuição alargada. Surge, entre muitos outros locais na vertente ocidental, por exemplo na Lagoa Comprida, que segundo Jan Jansen se enquadra no andar supratemperado de influência submediterrânica. Aqui aparece acompanhado entre outras espécies por Corynephorus canescens, Plantago radicata, Luzula lactea, Lotus glareosus, Juniperus communis, Erica umbellata, Erica australis, Erica arborea, Spergularia rubra, Silene acutifolia, Phalacrocarpum oppositifolium e Armeria sp. em condições ecológicas semelhantes às descritas nos dois posts sobre cardos. Este elenco florístico é característico de um andar supratemperado ou supramediterrâneo? Deixo esta dúvida bioclimática para o Carlos. Não sei se a minha questão faz muito sentido.
ResponderEliminarAbraço, Alexandre
Olá Alexandre. Claro que o C. carpetanus pode entrar no andar supratemperado: acontece na Serra da Estrela e em numerosas montanhas do NE (e.g. cimo da Serra de Montesinho).
ResponderEliminarA maior parte das plantas que refere têm um óptimo supratemperado e/ou supramediterrânico no interior norte e centro do país. A Spergularia rubra e a Erica arborea, porém, descem em força ao mesomediterrânico. É muito interessante o facto de nesta região a E. umbellata e a E. australis preferirem as montanhas, enquanto no CW e no Alentejo acompanham com à-vontade o Q. suber. Portanto, os padrões que detectamos na distribuição das plantas numa dada região podem não ocorrer numa outra imediatamente vizinha. As generalizações supra-regionais são muito arriscadas!
Abraço, Carlos
Obrigado Carlos pelo esclarecimento e pelas analogias que fez. São sempre bastante enriquecedores e pertinentes.
ResponderEliminarHum! Quercus suber e Erica sp. no Alentejo! Talvez se deva ao facto do sobreiro apesar de ser uma espécie mais termófila do que as referidas urzes, em regiões mais secas tenha preferência por solos hidricamente compensados, também mais favoráveis às urzes, ou por áreas de maior influência oceânica.
Alexandre
Em Castro Laboreiro aparece um cardo muito parecido, o Carduus gayanus...
ResponderEliminarEsqueci-me de referir que apesar da opinião de Devesa e Talavera, o nome legítimo para o C. gayanus é Carduus asturicus Franco, dado que o nome C. gayanus foi usado como sinónimo de C. carpetanus
ResponderEliminarConheço o C. asturicus na Serra de Arga. Não sabia que o nome C. gayanus era sinónimo de C. carpetanus! Onde descobris-te isso?
ResponderEliminarNa realidade é uma situação complicada...
ResponderEliminarhttp://bibdigital.rjb.csic.es/Imagenes/P0731_40/P0731_40_370.pdf
Quanto a o nome C. gayanus ser sinónimo de C. carpetanus, isso está claramente expresso na Nova Flora de Portugal, II: 444 (1984). O Prof. Franco já o havia afirmado na Flora Europaea IV: 230 (1976).
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