sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Corydalis cava (Fumariaceae)
Depois de uma belíssima linária, uma planta não menos bela, e ainda mais rara em Portugal: Corydalis cava (L.) Schweigg. & Körte = Fumaria bulbosa L. var. cava L. (basiónimo), "Habitat in Europae nemoribus & umbrosis" segundo o grande Lineu indicou para a sua espécie (Fumaria bulbosa L.).
Em Lu esta planta só se encontra na Serra de Rebordãos (= Serra de Nogueira), pr. de Bragança, com o seu "rizoma tuberoso, ôco em pouco tempo" já o dizia D. António Xavier Pereira Coutinho, na sua excelente Flora de Portugal.
Sobre esta esplêndida planta diz o Carlos (2000: 217): "Orlas de bosques caducifólios sobre rochas básicas, sobretudo se recentemente ardidos, nas cotas mais elevadas da Serra de Nogueira. (Trifolio-Geranietea) [Fagetalia sylvaticae]. Raro."
As fotos foram obtidas na dita serra, na Primavera (Abril/Maio), pr. do castelo de Rebordãos, num simpático carvalhal de Holco mollis-Quercetum pyrenaicae (da classe florestal Querco-Fagetea) ou nas suas orlas (Trifolio-Geranietea).
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Fantástica planta, nada fácil de detectar. Uma das primeiras a florir na Serra de Nogueira.
ResponderEliminarSem dúvida!
ResponderEliminarE encontrei agora algo ainda mais espantoso:
Ceratocapnos heterocarpa
Marcar nos preferidos quanto antes!
ResponderEliminarPois, tem grande interesse, este novo site botânico!
ResponderEliminarJá agora, aproveito para me meter convosco. Na serra da Nogueira existirá Holco mollis-Quercetum pyrenaicae ou Genisto falcatae-Quercetum pyrenaicae? Ou ambos?
ResponderEliminarÉ uma fronteira interessante e talvez nem muito difícil de estabelecer, uma vez que os andares supramediterrânico e supratemperado são, na verdade, um sistema de ilhas que emergem de uma matriz mesomediterrânica ou mesotemperada.
A presença de Ulex minor (nas orlas e matos, mas mesmo dentro do bosque) parece ser um bom carácter diferencial entre ambos (estando presente no Holco). Quem me chamou a atenção para tal foi o Carlos Aguiar, o Nacho Alonso e a Carmen Acedo, a quem muito agradeço. Fico à espera da vossa resposta e de mais espécies diferenciais.
Tiago, pergunta difícil! Como escasseiam as certezas vou fugir a uma resposta objectiva. Teremos tempo para discutir o tema na Primavera que aí vem. De qualquer modo uma reflexão que me parece importante.
ResponderEliminarOs bosques de Q. pyrenaica em Portugal são todos muito jovens e, por isso, invadidos por dicotiledóneas de flores ou inflorescências grandes, com algumas exigências em luz e nutrientes (plantas de orla). Os bosques maduros, em princípio, terão alguns arbustos, poucos, uma ou outra bulbosa, poucas ou nenhumas dicotiledóneas de orla, e muitas gramíneas nemorais. É neste último grupo que haverá que encontrar um grupo coeso de diferencias, que permita segregar os bosques de Quercus pyrenaica mediterrânicos dos seus vicariantes temperados. Mas ainda há muito para fazer.
Sem dúvida que o Ulex minor é muito comum nas zonas temperadas - interessante critério para distinguir os 2 tipos de carvalhal citados!
ResponderEliminarCarlos: percebo e concordo com o que dizes, gostava apenas de introduzir mais alguns tópicos para esta discussão, que pode justificar a inclusão de algumas espécies "menos nemorais" na discussão:
ResponderEliminarHá anos em que os carvalhais de Q. pyrenaica do andar supratemperado (pelo menos) chegam a estar mais tempo sem folha (ou com ela seca) do que com folha (em Portugal julgo que não existirá mais nenhum bosque assim).
Por outro lado, a Q. pyrenaica é uma árvore muito pequena (até 20 m) se comparada com outros carvalhos caducifólios (até 45 m) e pouco maior que as Quercus(!) perenifólias do Sul. Ou seja, tem uma copa pequena e mais permissiva à luz (a Q. robur, porém, tem folhas muito mais translúcidas, seria interessante medir!). A Q. faginea tem tamanho similar e também é marcescente, mas tem folha muito mais tempo no ano.
Quero com isto dizer que não podemos esperar os processos usuais de exclusão de espécies existentes nos outros bosques do país. Este bosque (nos locais mais frios, claro!) é, sem dúvida, muito mais permissivo à entrada de espécies "menos nemorais", mesmo quando maduro. Não?