A biologia da dispersão do T. subterraneum é extraordinária.
Finda a ântese (floração) os pedúnculos inflectem em direcção ao solo, e enterram os frutos encerrados no interior de capítulos frutíferos semelhantes a uma bola. Cada fruto de trevo contem uma única semente. Se quisermos ser cuidadosos com os conceitos e a linguagem, o fruto dos trevos não é uma vagem, como acontece na grande maioria das leguminosas, mas sim um aquénio.
Aquénios de T. subterraneum (Fabaceae) encerrados num capítulo frutífero. N.b. flores estéreis brancas de cálice reduzido a uma espécie de estrela de 5 pontas
Os capítulos frutíferos de T. subterraneum apresentam-se revestidos por um grande número de flores estéreis. Esta fantástica "descoberta evolutiva" resolve de uma penada vários problemas que qualquer planta pratense que se preze teve que lidar durante a sua história evolutiva. A flores localizadas no ápice da inflorescência estão reduzidas a pequenos cones com função de facilitar o enterramento dos frutos. Os cálices das restantes flores estéreis funcionam como as farpas de um anzol: ancoram os capítulos frutíferos no solo. Este mesmo carácter permite que os capítulos fiquem retidos entre as unhas ou no pêlo dos ungulados (e.g. ovelhas e vacas), que entretanto se encarregam de os dispersar a longa distância. Os cascos dos ungulados também facilitam o enterramento dos frutos no solo. Os serviços "comprados" pelo trevo-subterrâneo aos ungulados ficam concluídos com uma copiosa fertilização orgânica. Os excrementos animais, sobretudo dos ovinos, melhoram a fertilidade dos microsítios onde germinam as sementes após a chegada das primeiras chuvas outonais.
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Capítulos frutíferos de T. subterraneum
O trevo-subterrâneo exige intensidades luminosas elevadas, tem um hábito prostrado e apresenta um pico de acumulação de biomassa relativamente tardio. Estas três características ajudam a explicar a sensibilidade desta espécie à competição por gramíneas e outras plantas de porte erecto. Intensidades elevadas de pastoreio no final do Inverno (Fevereiro-Março) são essenciais para manter elevados graus de cobertura de trevo-subterrâneo quer em prados semi-naturais, quer em pastagens semeadas. Nos solos muito húmidos as gramíneas anuais, tão abundantes nos pastos mediterrânicos, são substituídas por gramíneas perenes (e.g. Holcus lanatus). Nestas condições o trevo-subterrâneo titubeia e é substituído por trevos perenes (e.g. T. repens «trevo-branco» ou T. pratense «trevo-violeta») ou por congéneres anuais de floração alta (e.g. T. dubium). Solos compactados e pisoteados pelos grandes herbívoros domésticos, secos e duros de Verão, pelo contrário, não o incomodam. Por alguma razão, no NE de Portugal, os melhores prados de trevo-subterrâneo podem ser encontrados nos terrenos baldios situados à entrada das aldeias, onde os animais descansam ao final da tarde, depois de um extenuante e longo dia de pastoreio, antes de regressarem aos seus alojamentos.